Resposta imune é animadora, mas não significa proteção, diz infectologista
Médico comentou resultados da vacina contra a Covid-19 que está sendo desenvolvida pela Universidade de Oxford e a fabricante AstraZeneca
O infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), afirmou à CNN, nesta segunda-feira (26), que são positivos e animadores os resultados sobre a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e a fabricante AstraZeneca, mas que a capacidade de criar resposta imunológica não significa proteção contra o novo coronavírus.
“Eficácia é um termo que a gente usa para definir se a vacina protegeu ou não. Esses dados de resposta imune, na verdade, não necessariamente traduzem proteção”, disse o infectologista, que frisou que ainda não há dados sobre isso para nenhuma das eventuais vacinas em teste pelo mundo.
“Nós não temos nenhum dado de eficácia de nenhuma das vacinas. O que a gente fala é em resposta imune – que é a capacidade da vacina despertar produção de anticorpos e de defesa de anticorpos”, acrescentou.
Kfouri ressaltou que, nos estudos de fase 1 e 2, a ideia é justamente identificar a resposta imunológica, não a eficácia. “Ou seja, se o indivíduo produziu ou não resposta imune com a vacina que estamos testando”, descreveu.
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De acordo com Kfouri, os idosos, tradicionalmente, compõem o grupo com pior resposta imunológica nas vacinas, justamente devido à idade. Por isso, a informação de que a vacina criou resposta imunológica semelhante em jovens, adultos e idosos é “um dado bastante animador”.
Segundo informações do jornal Financial Times e da AstraZeneca, a vacina ativa anticorpos protetores e células T em grupos de idade mais avançada, citando dois pesquisadores envolvidos no processo.
Testes de sangue de imunogenicidade realizados em um subconjunto de participantes mais velhos complementam dados divulgados pelos pesquisadores em julho, que já mostravam que a vacina gerou “respostas imunes robustas” em um grupo de adultos saudáveis com idades entre 18 e 55 anos.
“É encorajador ver que as respostas de imunogenicidade foram semelhantes entre adultos mais velhos e mais jovens e que a reatogenicidade foi menor em adultos mais velhos, nos quais a gravidade da Covid-19 é maior”, disse um porta-voz da AstraZeneca à agência Reuters.
“Os resultados trazem ainda mais o corpo de evidências para a segurança e imunogenicidade da AZD1222 (nome oficial da vacina)”, disse o porta-voz.
Os detalhes da descoberta devem ser publicados em breve em um jornal científico, cujo nome ainda não foi divulgado.
Apesar dos resultados positivos, ainda não é possível garantir que a vacina é segura e eficaz em pessoas mais velhas e outros estudos são necessários.
(*Com informações de Bhargav Acharya, da Reuters)