Remdesivir tem eficácia em tratamentos de curta duração, aponta pesquisa
Apesar da melhora apresentada pelos pacientes no tratamento de cinco dias, o tratamento de 10 dias não alcançou resultados significativos
A empresa biofarmacêutica Gilead anunciou, nesta segunda-feira (1º), o resultado da terceira fase do estudo com o Remdesivir em pacientes com Covid-19. Até o momento, a pesquisa mostra que os pacientes que passaram por um tratamento de cinco dias com o medicamento apresentaram 65% mais chances de apresentar uma melhora clínica no 11º dia.
Apesar da melhora apresentada pelos pacientes no tratamento de cinco dias, o tratamento de 10 dias não alcançou resultados significativos em comparação aos pacientes que passaram por um atendimento padrão, sem o uso do medicamento. Além disso, não foram identificados novos sinais de segurança acerca do uso do Remdesivir.
Após a divulgação do estudo, que não envolveu pacientes em quadros graves de Covid-19, as ações da Gilead estão em queda de quase 4% nesta segunda-feira (1º). A pesquisa foi conduzida em mais de 180 locais de testagem em todo o mundo, como Estados Unidos, China, França, Alemanha, Hong Kong, Itália, Japão, Coreia do Sul, Holanda, Cingapura, Espanha, Suécia, Suíça, Taiwan e Reino Unido.
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Segundo o médico e professor de medicina da Harvard Medical School, Francisco Marty, a pesquisa tem auxiliado os pesquisadores a obterem mais informações sobre o novo coronavírus. “Nosso entendimento sobre o espectro da gravidade da infecção por SARS-CoV-2 [nome da doença causada pelo novo coronavírus] e as apresentações da Covid-19 continuam a evoluir”.
“Os resultados do estudo oferecem dados complementares para o Remdesivir, mostrando que, se pudermos intervir mais cedo no processo da doença com um tratamento de 5 dias, podemos melhorar significativamente os resultados clínicos desses pacientes”, afirma.
A Gilead planeja enviar os dados completos do estudo para a publicação em uma revista revisada nas próximas semanas.
Uso do Remdesivir
Atualmente, o medicamento é aprovado no Japão como tratamento para pacientes infectados pelo novo coronavírus. Fora desse país, este é um medicamento sob investigação e não aprovado para uso.
A Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, concedeu ao Remdesivir uma autorização de uso emergencial para o tratamento de pacientes hospitalizados em estado grave. A autorização, por sua vez, é temporária, e não substitui o processo formal de envio, revisão e aprovação de novos medicamentos para o tratamento da Covid-19.