“Região Norte será farol do que acontecerá com a Ômicron no Brasil”, diz especialista
Infectologista da Fiocruz, Julio Croda diz que a nova variante do coronavírus deve se tornar predominante no mundo todo
Nesta quarta-feira (15), os viajantes que chegam ao Brasil devem apresentar comprovante de vacinação contra a Covid-19 para que possam entrar sem necessidade de cumprir quarentena.
A medida passa a valer após esclarecimentos, na noite de terça (14), do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que decidiu pela obrigação do passaporte da vacina no país.
A medida restritiva servirá de tentativa para conter o estabelecimento no Brasil da nova variante Ômicron do coronavírus. “É importante que a gente tenha todos no Brasil vacinados e também quem chega de fora. Isso para evitar não só a Ômicron, mas a introdução de novas variantes”, disse Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fiocruz, em entrevista à CNN.
Mesmo assim, o especialista explicou que a Ômicron deve se tornar a forma do coronavírus predominante no mundo todo, da mesma forma que aconteceu com a variante Delta. Isso pelo fato da cepa ter maior transmissibilidade e maior escape imunológico. “O que muda é o impacto que ela vai gerar”, ponderou.
Julio Croda argumenta que os estados da região Norte serão “um bom farol” do que deve acontecer com a variante no Brasil. “A gente vive esse momento de maior transmissibilidade por conta da época de chuvas do inverno amazônico, temos baixa cobertura vacinal, temos um local que circulou a variante Gama muito intensamente em um passado muito distante, entre dezembro e janeiro”, relembrou.
“Com a entrada da Ômicron e as flexibilizações que já estão postas, a baixa adesão ao uso de máscaras, vamos entender um pouco como a vacina vai segurar ou não o aumento de hospitalizações e óbitos”, complementou.
Para além do passaporte da vacina como medida para conter a Ômicron, o pesquisador da Fiocruz reforçou a necessidade do Brasil atingir uma cobertura vacinal na casa dos 80%. Ele considera fundamental que a população compareça em massa para completar o esquema vacinal e tomar a dose de reforço.
Além disso, Croda acredita que o Brasil já poderia ter começado a vacinar as crianças brasileiras. Atualmente, a Anvisa analisa um pedido da farmacêutica Pfizer para imunizar crianças de 5 a 11 contra a Covid-19.
“Não entendo essa lentidão da Anvisa de uma vacina que já foi aprovada pelo FDA [agência reguladora americana]”, questionou. Ele afirma que, no contexto da Ômicron, é importante que essa faixa etária tenha acesso à vacina para evitar um cenário parecido com o da África do Sul, onde há aumento de internações entre as crianças.
*Entrevista produzida por Layane Serrano, da CNN
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