Quelonitoxismo: entenda a doença causada pelo consumo de carne de tartaruga
No sábado (9), foram confirmadas as mortes de 9 pessoas que haviam consumido carne de tartaruga marinha; entenda
Oito crianças e uma mulher morreram após comer carne de tartaruga marinha no arquipélago de Zanzibar, leste da África. Outras 78 pessoas foram hospitalizadas. As mortes foram confirmadas por autoridades locais no sábado (9), de acordo com o jornal britânico The Guardian.
O grupo sofreu de quelonitoxismo, um tipo de intoxicação alimentar provocado pelo consumo de carne de tartaruga, que é considerada uma iguaria na região. Ainda segundo o The Guardian, a mulher falecida era mãe de uma das crianças que também morreram. A carne de tartaruga teria sido consumida na terça-feira anterior aos óbitos.
Segundo a Poison Control, organização pertencente ao National Capital Poison Center, da George Washington University, dos Estados Unidos, o quelonitoxismo é uma doença rara, mas potencialmente fatal.
Segundo a organização, a proliferação de algas nocivas em ambientes marinhos faz com que a água seja contaminada por toxinas liberadas por essas plantas. As cianobactérias, por exemplo, são conhecidas como algas verde-azuladas e liberam toxinas que podem ser consumidas por peixes e outras formas de vida aquática, fazendo com que essas bactérias permaneçam em seus organismos.
O quelonitoxismo está relacionado a essas cianobactérias por serem consumidas por tartarugas marinhas. Apesar de a espécie ser protegida por regulamentos internacionais, que proíbem a caça e o consumo humano, é comum que a doença ocorra em países do Indo-Pacífico, por serem regiões que consideram a carne de tartaruga uma iguaria.
O problema é que tartarugas contaminadas por cianobactérias não apresentam sinais da doença e aparentam estar saudáveis. No entanto, a carne da tartaruga é tóxica para o humano, mesmo se for cozida ou fervida, de acordo com o Poison Control.
Sintomas de quelonitoxismo
Os sintomas da intoxicação causada pelo quelonitoxismo inclui coceira e dor na boca e garganta, náuseas, vômitos e dor abdominal e podem ser notados dias após a ingestão da carne de tartaruga. Além disso, também podem ocorrer ulcerações na boca e na língua e, em casos mais graves, confusão mental, convulsões ou coma, podendo levar ao óbito.
Ainda de acordo com o Poison Control, o quelonitoxismo pode deixar sequelas em pessoas que sobrevivem à intoxicação, como paralisia. Além dos humanos, animais domésticos também podem ser envenenados pela carne de tartaruga.
Como é feito o tratamento?
Ainda não existe um medicamento ou antídoto específico para o quelonitoxismo, já que as toxinas específicas liberadas pelas cianobactérias ainda não são conhecidas. Por isso, o tratamento envolve cuidados sintomáticos, com remédios para aliviar os sintomas, e reposição de eletrólitos e de fluidos por via intravenosa. Em alguns casos, também é necessário o suporte respiratório.
Além disso, o diagnóstico de quelonitoxismo pode ser difícil de ser feito, já que os sintomas são muito semelhantes a outras intoxicações alimentares — o que prejudica o tratamento adequado. Para somar, segundo o Poison Control, muitas pessoas infectadas podem ter medo de procurar cuidados médicos por medo de processos judiciais devido ao consumo ilegal de carne de tartaruga.
Como prevenir o quelonitoxismo?
A organização elenca, ainda, algumas dicas de prevenção do quelonitoxismo. Entre elas, é claro, está evitar o consumo de carne de tartaruga marinha, mesmo que esteja cozida. Além disso, é fundamental manter-se atento às regulamentações locais e internacionais sobre espécies vegetais e animais protegidas.
Por fim, caso apresente sintomas de quelonitoxismo, procure atendimento médico imediatamente. Isso também é importante ao notar sintomas de intoxicação alimentar após comer frutos do mar.