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    Quase 90% dos autotestes de Covid no Brasil deram negativo entre março e abril

    De acordo com a Abrafarma, Rio de Janeiro é o estado com o maior índice de negatividade; até o momento, 25 marcas podem ser comercializadas no Brasil

    Autoteste para Covid-19
    Autoteste para Covid-19 Shutterstock

    Thayana AraújoNathalie Hanna Alpacada CNN

    no Rio de Janeiro

    Em dois meses da utilização de autotestes contra Covid-19 no Brasil, uma pesquisa da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), divulgada com exclusividade à CNN, mostra que 88% dos exames deram negativo entre março e abril.

    Segundo o levantamento, cerca de 32 mil brasileiros fizeram o autoteste no período analisado.

    O levantamento da Abrafarma aponta que o Rio de Janeiro é o estado com o maior índice de exames negativos, com 89%, seguido por Santa Catarina (86%) e Bahia (83%). O quarto lugar é ocupado por São Paulo (81%).

    Três estados estão com o número abaixo de 80%: Minas Gerais (75%), Rio Grande do Sul (70%) e Paraná (65%).

    Segundo o virologista e pesquisador do Instituto de Medicina Tropical da USP José Eduardo Levi, os índices seguem um padrão da disseminação da variante Ômicron.

    “Os lugares onde a intensidade da onda foi mais forte é onde deveriam ter mais casos negativos agora. Como a onda foi recente, ninguém se infecta duas vezes com um curto período de tempo, então vemos que a quantidade de casos possa ser pequena. É o que vimos no Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina, por exemplo”, declarou

    Mercado de autotestes cresce no Brasil

    De acordo com o presidente executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Carlos Eduardo Gouvêa, 115 processos de registros de autotestes foram submetidos à aprovação da Anvisa.

    No momento, ele afirma que 25 produtos já podem ser comercializados, 33 processos foram indeferidos e 53 estão em andamento.

    Gouvêa destaca que os autotestes começaram a ser vendidos no país na mesma semana do Carnaval de 2022, no início de março.

    “Acredito que já tenha uma boa oferta, mas vai haver para mais alguns outros. O conceito do autoteste, veio para ficar. Estamos de fato mudando a percepção do usuário. Ele vê o valor do diagnóstico e a importância do diagnóstico precoce para ter uma terapia eficaz. Isso ficou claro para a Covid-19, mas serve de exemplo para outras doenças”, analisa.

    O presidente executivo da CBDL explica que o valor dos autotestes varia de região para região, mas a faixa de preço está entre R$49 a R$79.

    “O Ministério da Saúde pediu para que a Anvisa ajudasse a saúde pública. Então a farmácia está sendo um grande aliado. Ela permitiu o teste rápido dentro do seu ambiente. Nós temos o PCR, teste rápido, o laboratorial e, finalmente, o autoteste, uma ferramenta para que o próprio paciente o utilize como forma de prevenção”, defende.

    Testes rápidos em farmácias têm nova alta de casos positivos de Covid-19

    Embora os autotestes tenham apresentado grandes índices de negatividade em dois meses, a centésima edição da pesquisa de testes rápidos da Covid-19 em farmácias, outro tipo de exame, realizado pela Abrafarma, mostra que o percentual de casos volta a superar 15% e retoma o patamar de quatro semanas atrás.

    Segundo a associação, o período de 18 a 24 de abril registrou 67.314 testagens realizadas, das quais 10.307 indicaram diagnóstico de coronavírus – 15,31% do total.

    O volume de infectados somou 10.307, contra 5.677 do intervalo de 11 a 17 de abril. Além disso, o número total de infectados aumentou 82% em uma semana.

    Como parâmetro, depois do índice de 15,33% de resultados positivos na penúltima semana de março, o percentual despencou para 7,28% nos últimos sete dias do mesmo mês. Desde então, as pesquisas apontam um claro viés de alta.

    O pesquisador do Instituto de Medicina Tropical da USP José Eduardo Levi acredita que a alta de casos de covid-19 é causada pelas medidas de relaxamento, como o fim da obrigatoriedade das máscaras em diferentes estados brasileiros.

    “É fato que o número de casos está aumentando, mas não significa que seja uma segunda onda. Nós não estamos em uma tendência de queda que estávamos. Acredito que essa mudança deve ser principalmente pela retirada das máscaras em algumas cidades. É mais que esperado que tenha um aumento, porém pequeno”, diz.

    O virologista ainda defende a importância da continuidade da vacinação para conter casos graves da doença.

    “Não tem a menor dúvida de que a vacina é eficaz. Se não tivéssemos a vacina, iríamos ver uma mortalidade absurda. Por causa da vacina, o número de hospitalizações está mais baixo. Então acho que esse é o ponto. Muita gente não tomou a segunda dose. A melhor coisa que as pessoas podem fazer é ter o ciclo completo, ir se vacinar”, orienta.