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    Quarentena, no molde atual, é pouco plausível, diz infectologista Luana Araújo

    Para infectologista, não há motivos para suspender quarentena a estrangeiros que chegarem ao Brasil

    Ludmila CandalIngrid Oliveirada CNN

    Após uma semana movimentada no Ministério da Saúde — envolvendo variante Ômicron, passaporte da vacina, festa de Réveillon e ataque hacker — Luana Araújo, infectologista, disse à CNN que as decisões do governo são extremamente lentas.

    A pasta recuou na decisão de impor quarentena de cinco dia àqueles que chegarem ao país devido ao ataque hacker sofrido no site do governo na madrugada desta sexta-feira (10).

    A justificativa, segundo o secretário-executivo, Rodrigo Cruz, é que o ministério está estruturando algumas ações que vão ser tomadas em função da indisponibilidade em especial do sistema da vacina.

    A infectologista criticou a decisão: “Quando a agente pensa em estrangeiros vivendo no Brasil, eles não precisam de passaporte porque eles têm o comprovante físico.”

    Além disso, ela disse que a quarentena indicada “é um surto psicótico coletivo, ela não tem nenhum tipo de concordância com a realidade.”  “Na verdade, eu acho que essa justificativa [o ataque hacker como responsávelç pelo adiamento] é pouco plausível. O mais plausível é admitir a capacidade de executar. A gente tem pouco recurso humano, financeiro e outros”, disse.

    Luana também aponta para a falta de centralização de informações. Ela explica que o Sistema Único de Saúde é condicionado por três gestores, governo, estado e municípios e que “durante a pandemia, houve uma falta de coordenação, deixada no colo dos municípios — que fizeram o que podiam junto à ciência para trazer mais conforto a população.”

    O mais prejudicado, de acordo com a infectologista, é o cidadão. “A pessoa não sabe se pode sair de casa, se pode trabalhar com segurança.”

    Ameaça para a população

    A chegada da variante Ômicron coloca o mundo em alerta. A vacinação continua sendo indicada para conter os casos. Um levantamento da Agência CNN mostra que 65% da população do país está com a imunização completa.

    Apesar disso, a especialista se mostra cética. “A questão é que, na verdade, a população não está tão imunizada assim, lá atrás a gente pensava que 70% [das pessoas vacinadas] seria suficiente, mas acontece que o vírus continua circulando.”

    “A gente ainda tem estados com menos de 40% da cobertura vacinal, se eu introduzo uma nova variante, a gente está falando de 60% da população [dessas regiões] vulnerável.”

    Réveillon

    Questionada sobre as festas de Réveillon — em especial da praia de Copacabana, declarou: “A gente não pode ter, de fato, aglomerações, não temos condições de fazer isso”.

    “Não existe um meio termo, haver palco ou não haver palco não vai limitar as pessoas na praia. A gente sabe que as pessoas vão a praia se aglomerar. Os gestores tomaram algumas decisões inteligentes, tentando decentralizar as pessoas, mas a gente sabe que não funciona bem assim. Mas o bom senso deveria prevalecer. Em casa pessoas tem que entender se todo mundo está vacinado, se tem gente que tomou a terceira dose, num ambiente ventilado”, comentou.

    Ataque hacker

    “Foi pouco tempo para perceber uma vulnerabilidade. Mas o que a gente sabe é que não é fácil manter a segurança dessas coisas – isso não significa que eu esteja justificando. Mas ainda acho que nem é o ataque hacker [o problema em si], acho que a gente poderia utilizar a inteligência artificial com muito mais praticidade”, diz.

    “O que dá a impressão é que não tem a intenção, ou vontade política que essas coisas funcionem de fato”, disse Luana.

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