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    Quais os riscos de contrair HIV por transplante de órgãos? Médico tira dúvidas

    Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) investiga a infecção de pacientes com HIV após receber órgãos transplantados no Rio de Janeiro

    Gabriela Maraccinida CNN

    A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) investiga a infecção de pacientes com HIV após receber órgãos transplantados no Rio de Janeiro.

    De acordo com reportagem veiculada inicialmente pela BandNews FM, seis pessoas contraíram a doença após passarem pelo procedimento. O caso foi confirmado pela CNN. Dois doadores teriam feito exame de sangue em um laboratório privado na Baixada Fluminense e os resultados apresentaram falso negativo.

    Segundo Rubens Pereira, infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade de Franca (Unifran), o risco de transmissão de HIV por meio de transplante de órgãos é extremamente raro. “Esses casos que estão sendo documentados no Brasil agora são os primeiros. Esperamos que não ocorram mais”, afirma.

    O especialista explica que todos os doadores de órgãos, sejam vivos ou falecidos, devem ser submetidos a exames antes de a doação ser feita. Um dos testes realizados nesse período é o anti-HIV, para detectar a presença do vírus causador das Aids. “No entanto, excepcionalmente, esses testes podem falhar. Por isso, desejavelmente, mais de um teste deve ser feito para garantir que não há HIV”, explica.

    Segundo o infectologista, um resultado falso negativo pode ocorrer devido a erro laboratorial ou devido à chamada “janela imunológica” — período de tempo entre a exposição a um agente infeccioso e a produção de anticorpos suficientes para serem detectados por testes. Nesse último caso, uma pessoa pode estar infectada por HIV, mas essa infecção ainda não ser detectável pelos exames, mas já possui capacidade de transmissão. A janela imunológica do HIV costuma ser de 2 a 3 semanas. No entanto, segundo Pereira, esses casos são raros.

    Por que pessoas com HIV não devem doar órgãos, nem sangue?

    De acordo com a Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), pacientes portadores de HIV/Aids são absolutamente restringidos à doação de órgãos, assim como pessoas com infecções ativas. Além disso, de acordo com a Fundação Pró-Sangue, de São Paulo, o HIV/Aids é um dos principais impedimentos definitivos para a doação de sangue.

    “Pacientes portadores de HIV não podem doar sangue, nem órgãos e nem tecidos. Isso acontece porque, mesmo se a carga viral do paciente for zero, indetectável, ainda assim ele pode transmitir o vírus para o receptor”, afirma Pereira. “Jamais nós podemos dar sequência em uma doação de órgãos quando o paciente doador for soropositivo”, ressalta.

    Nos casos em que ocorrer a transmissão de HIV por meio da doação de órgãos ou de sangue, o paciente receptor deverá iniciar imediatamente o tratamento pós-exposição.

    De acordo com o Ministério da Saúde, a profilaxia pós-exposição é uma medida de prevenção de urgência para ser utilizada em situação de risco à infecção pelo HIV e consiste no uso de medicamentos ou imunobiológicos para reduzir o risco de adquirir essas infecções.

    Além disso, o tratamento da infecção pode ser feito através de medicamentos antirretrovirais, que ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Segundo a pasta, o uso regular desses fármacos é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV e reduzir o número de internações e infecções.

    Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente os medicamentos antirretrovirais a todas as pessoas vivendo com HIV que necessitam de tratamento.

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