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    Por que Putin ainda não se vacinou com a Sputnik V

    Putin anunciou que filha tomou a vacina contra Covid-19, mas ele próprio não tomou. "O presidente não pode usar uma vacina não certificada", disse porta-voz

    Por Ivana Kottasová e Zahra Ullah, da CNN

     

    O presidente russo Vladimir Putin ainda não foi vacinado contra o novo coronavírus, meses depois de anunciar a Sputnik V, produzida em seu país, como a primeira vacina aprovada do mundo para a Covid-19 e dizer que sua própria filha a havia tomado. 

    Putin, de 68 anos, pertence a um grupo de alto risco. Os testes de vacinas para o primeiro grupo de voluntários com 60 anos ou mais começaram em 28 de outubro, de acordo com a agência estatal russa Tass, mas autoridades do país descartam que o presidente seja um voluntário.

    O Kremlin disse na terça-feira que Putin não pode receber a aplicação de uma vacina que ainda não tenha concluído a fase final dos testes, embora o imunizante já tenha sido aplicado em alguns profissionais de saúde russos, professores e vários funcionários de alto escalão fora dos testes clínicos.

    “O presidente não pode usar uma vacina não certificada”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, durante uma ligação com repórteres. Peskov não explicou a diferença entre a vacina ser “certificada” e “aprovada”, mas disse: “a vacinação em massa ainda não começou. E, claro, o chefe de estado não pode participar da vacinação como voluntário. É impossível.”

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    Peskov disse que os testes devem ser concluídos em breve e que Putin informará as pessoas sobre sua decisão de tomar a vacina “se considerar necessário”.

    Putin anunciou pela primeira vez que a vacina da Rússia foi aprovada para uso público em agosto, embora naquele momento ela tivesse sido testada apenas em várias dezenas de indivíduos em um estudo não cego. O anúncio foi feito antes do início dos testes de Fase 3, que são fundamentais para estabelecer sua segurança e eficácia, e atraiu ceticismo da comunidade internacional.

    “Sei que funciona de maneira bastante eficaz, forma uma imunidade estável”, disse Putin na época, acrescentando que uma de suas filhas já havia recebido a vacina – uma postura rara do presidente, que é notoriamente reservado sobre sua família. Ele disse que ela teve uma temperatura ligeiramente mais alta após cada dose, mas acrescentou “agora ela se sente bem”.

     

    Disputa com outras vacinas

    A justificativa sobre as razões para Putin ainda não ter tomado a vacina veio no mesmo dia em que os desenvolvedores do Sputnik V publicaram novas informações sobre o imunizante, proclamando-a como eficaz, barata e fácil de transportar.

    O instituto Gamaelya, que está desenvolvendo a Sputnik V, e o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), que a financia, divulgaram mais dados provisórios sobre a vacina na terça-feira.

    Em um comunicado à imprensa, eles disseram que a análise dos dados obtidos 28 dias após a primeira dose e sete dias após a segunda dose sugere que a vacina Sputnik foi 91,4% eficaz na prevenção de infecções.

    O comunicado afirma que os pesquisadores identificaram 39 casos confirmados de Covid-19 entre os voluntários – 31 no grupo do placebo e oito entre aqueles que receberam a vacina. A nota acrescentou que 18.794 voluntários participaram do estudo.

    Pfizer e Moderna relataram taxas de eficácia semelhantes – 94,5% para Moderna e 95% para Pfizer. No entanto, suas alegações foram baseadas em ensaios clínicos de maior porte. A Moderna relatou 95 casos de Covid-19 entre seus voluntários – 90 no grupo de placebo e 5 no grupo vacinado, enquanto a Pfizer relatou 170 casos – 162 no grupo de placebo e oito nos participantes que receberam a vacina.

    A AstraZeneca anunciou na segunda-feira que sua vacina experimental contra o novo coronavírus mostrou uma eficácia média de 70%. A farmacêutica disse que um total de 131 participantes do estudo desenvolveram Covid-19, mas não disse quantas dessas pessoas receberam a vacina Covid-19 e quantas não.

    Em uma declaração separada, o instituto Gamaelya e o RDIF disseram que uma dose da vacina custará menos de US$ 10 nos mercados internacionais, de forma que a Sputnik V é “duas ou mais vezes mais barata do que as vacinas de mRNA com níveis de eficácia semelhantes”.

    A vacina de duas doses e a vacinação serão gratuitas para os cidadãos russos, acrescentou o comunicado. As vacinas Moderna e Pfizer-BioNTech são vacinas de mRNA.

    No comunicado desta terça-feira, a Rússia também disse que a vacina Sputnik V pode ser armazenada a uma temperatura de 2 a 8 graus Celsius, que é semelhante ao que a AstraZeneca disse sobre sua vacina na segunda-feira.

    Enquanto isso, a vacina Pfizer-BioNTech precisa ser mantida em torno de -70 graus Celsius (-94 graus Fahrenheit) enquanto é transportada. A Moderna disse que sua vacina pode ser mantida em freezers, normalmente disponíveis em farmácias, e na geladeira por 30 dias. 

     

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