Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Profissionais de saúde cobram da CPI cautela nas menções aos cuidados paliativos

    Academia Nacional destaca que práticas apontadas nas sessões do comissão não têm relação com a atividade

    Thayana AraújoStéfano Sallesda CNN , No Rio de Janeiro

    Os profissionais de saúde especializados em cuidados paliativos estão insatisfeitos com as referências à área feitas na CPI da Pandemia nas apurações sobre as práticas da Prevent Senior no tratamento de pacientes com Covid-19. A Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) emitiu nesta quarta-feira (29) uma carta na qual explica o papel da atividade para a sociedade. Ela foi entregue ao senador e ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT-PE), que efetuou a leitura na sessão desta quinta-feira.

    O documento faz referência às citações dos senadores em alusão a declarações de pacientes que acusam a Prevent Senior de recomendar a realização de tratamentos paliativos em pacientes idosos com Covid-19 para induzir a morte deles com o objetivo de reduzir custos.

    A carta destaca a importância e o reconhecimento da atividade por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS), como “uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes (adultos e crianças) e seus familiares, que enfrenta doenças que ameaçam a vida. Previne e alivia o sofrimento através da identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas físicos, sócio-familiares e espirituais”.

    Presidente da entidade, que apoia a CPI, o médico Douglas Henrique Crispim enfatiza que os cuidados paliativos não são utilizados exclusivamente por pacientes que estão à beira da morte. A atividade reúne um conjunto de práticas que pretende cuidar do sofrimento dos pacientes em estado grave. Ele enfatiza que práticas como deixar de atender um paciente em UTI ou colocá-los em bombas de morfina não têm qualquer relação com a atividade.

    ‘Más práticas não têm a ver com cuidados paliativos’

    “Os cuidados paliativos não tratam apenas de pacientes moribundos, que estão morrendo. Nós assistimos pacientes por três ou quatro anos, que não estão morrendo, mas convivem com doenças graves. Não gostaríamos de ser associados às más práticas que a CPI aponta, com boa intenção, mas por desconhecimento. Que usem o termo que quiserem: homicídio, eutanásia, mas isso não tem nada a ver com cuidados paliativos”, protesta.

    O representante da academia destaca que, durante a semana, esteve em uma audiência pública no Senado para a elaboração de uma política pública para cuidados paliativos no Sistema Único de Saúde (SUS) e que definições erradas sobre a atividade prejudicam o processo e a percepção social da atividade.

    “Nós temos dado muito apoio desde o início da pandemia de Covid-19. Puxamos o modelo de visitas virtuais para uma abordagem mais conectada à família, cuidamos dos sintomas, mesmo no pós-Covid-19, principalmente com falta de ar, porque somos especialistas. Atuamos na forma de passar à família uma má notícia, de um agravamento ao falecimento. Orientamos e cuidamos do luto de muitas famílias por meio dos psicólogos paliativistas”, afirma.

    Na carta, os profissionais da área enfatizam os 191 serviços por ela disponibilizados e destacam que, apesar de todos os avanços, ainda há pouco acesso à abordagem no país e o uso errado de termos relacionados aos cuidados paliativos é um desserviço ao sistema de saúde e aos profissionais.

    Procurada sobre a acusação apontada na CPI, a operadora se manifestou por meio de nota. “A Prevent Senior considera absurdas as acusações de que os cuidados paliativos foram para matar pacientes ou para reduzir custos. Os cuidados paliativos são adotados para reduzir sofrimento de pacientes sempre que há recomendação médica e consentimento da família ou do paciente”, diz o posicionamento.

    Tópicos