Pressão arterial de mulheres deve ser monitorada de forma diferente, diz estudo
Pesquisa publicada neste mês afirma que o famoso 12 por 8 é ideal apenas para homens; entenda o estudo
Quando você vai ao médico, muitas vezes a primeira coisa a fazer é colocar uma braçadeira de pressão arterial em volta do braço e olhar para a tela do visor em busca do número mágico. Qual é esse número, você pergunta? Menos de 120 por 80, o famoso 12 por 8, medido em milímetros por mercúrio, é o que é considerado como dentro da faixa saudável – até agora.
Porém, se você é mulher, os médicos podem estar usando a métrica errada para a sua pressão arterial, afirma um novo estudo publicado em 15 de fevereiro na revista Circulation.
A pesquisa analisa o primeiro número, a pressão arterial sistólica, que indica quanta pressão o sangue cria contra as paredes das artérias quando o coração bate.
Embora menos de 120 milímetros por mercúrio possa estar dentro da faixa normal para homens, a pressão arterial sistólica ideal para mulheres deve ser menor que 110 milímetros por mercúrio, concluiu o estudo.
Para a autora da pesquisa e diretora do Instituto de Pesquisa sobre Envelhecimento Saudável de Los Angeles, Dra. Susan Cheng, os resultados mudam a maneira como se deve olhar para o que é considerado pressão arterial normal para mulheres.
Temos pensado sobre o que é a pressão arterial normal nas pessoas, presumindo que homens e mulheres são iguais, quando na verdade são muito mais diferentes do que imaginávamos
Susan Cheng, autora da pesquisa
O estudo examinou medições de pressão arterial de pouco mais de 27 mil participantes. Os resultados revelaram que, para mulheres, níveis acima de 110 milímetros por mercúrio foram associados ao risco de desenvolver qualquer tipo de doença cardiovascular – incluindo ataque cardíaco, insuficiência cardíaca e derrame – uma diferença em relação aos resultados do relatório para os homens.
As implicações são de longo alcance. A pressão arterial é, como disse Cheng, “o fator de risco modificável mais importante para todos os diferentes tipos de doenças cardiovasculares”.
Embora a pressão alta possa trazer muitos riscos à saúde, também é algo que as pessoas podem controlar por meio de dieta e exercícios, especialmente quando são mais jovens.
Outros fatores, como idade, sexo e genética, não são “modificáveis”, disse Cheng. E considerando os outros fatores modificáveis, como colesterol alto e tabagismo, ela acrescentou que “ainda deveríamos estar fazendo um trabalho muito melhor de controle preventivo”.
Recomendações para mulheres
As diretrizes de pressão arterial que os médicos usam diariamente, fornecidas por organizações como os Centros para Controle e Prevenção de Doenças e a Associação Americana do Coração, dizem que menos de 120/80 milímetros por mercúrio é uma faixa saudável para todos os adultos.
Mas Cheng defende que não é bom que a área de saúde não personalize esse número com base no sexo do paciente.
Combinando a importância da pressão arterial com a possibilidade de que muitas mulheres podem estar acima de sua faixa de saúde verdadeira sem que elas ou mesmo seus médicos estejam totalmente cientes disso, Cheng recomenda que médicos e pacientes reexaminem esta área da saúde.
“As mulheres precisam realmente levar a sério sua pressão arterial”, disse ela. “Mesmo quando parece que está na faixa normal para todos – ou realmente para os homens – mesmo quando está abaixo de 120, se estiver acima de 110 é algo para ficar de olho.”
Ela recomenda que as mulheres se monitorem quando estão relaxadas em casa, usando um medidor de pressão aprovado em testes pelas agências reguladoras.
Segundo Cheng, depois de vários testes em casa, será mais fácil encontrar a média real. Ela também recomenda tomar medidas para reduzir a pressão arterial, como alterar a dieta ou o estilo de vida.
Medicina personalizada
O Dr. Eugene Yang, professor de medicina da Universidade de Washington, que não esteve envolvido no estudo, considera que esses resultados são um bom começo para um mergulho mais profundo em outras diferenças baseadas no sexo.
“Devido à natureza observacional deste e de outros estudos destacados, devemos aderir às diretrizes publicadas para alvos de pressão arterial para mulheres e homens”, disse Yang, que também é presidente da Seção de Prevenção de Doenças Cardiovasculares do Colégio Americano de Cardiologia.
“Precisamos permanecer abertos à ideia de que isso pode não ser o ideal com base no sexo. À medida que mais estudos são publicados, prevejo que diferenças específicas do sexo nas definições e controle da pressão alta podem surgir.”
Cheng disse que a pesquisa de sua equipe sobre pressão arterial e diferenças de sexo é apenas a ponta do iceberg de um objetivo muito maior no campo da saúde: a medicina personalizada.
“Quando queremos (alcançar) o ‘Santo Graal’ da medicina personalizada, realmente devemos começar com o primeiro ponto de ramificação do que nos torna diferentes: o sexo”, disse.
É preciso haver um olhar mais amplo sobre a medicina, além da abordagem “tamanho único” para a maior parte do gerenciamento dos fatores de risco, disse Yang. E isso não se limita apenas a diferenças baseadas no sexo.
“Além disso, precisamos estar atentos às diferenças raciais e enriquecer os estudos com diversidade suficiente para avaliar os resultados com base na raça”, afirmou o professor.
Yang alertou que a pressão alta é um “assassino silencioso” e, sem fazer o teste, alguém pode não saber que seus níveis estão elevados.
“Como este é o mês da consciência cardíaca, é um bom momento para todos ‘saberem o seu número’ e se certificarem de que consultam o médico e verificam a pressão arterial regularmente”, disse Yang.
(Texto traduzido do inglês. Clique aqui para ler o original)