Prescrição médica para vacinação infantil não será exigida em SP, diz Gabbardo
Coordenador-executivo do Comitê contra a Covid-19 diz que a determinação do Ministério da Saúde "não é factível"
O coordenador-executivo do Comitê contra a Covid-19 de São Paulo, João Gabbardo, afirmou, nesta sexta-feira (24), em entrevista à CNN, que não será exigida no estado a prescrição médica para vacinação contra o coronavírus em crianças entre 5 e 11 anos.
“Nós não vamos exigir, até porque não é factível ter esse atestado médico. Não vamos ter profissionais, não vamos ter médicos suficientes para receber uma quantidade tão grande de crianças que vão precisar de atestado para receber a vacina nas próximas semanas”, declarou Gabbardo.
O anúncio da necessidade de prescrição médica, além de um “termo de consentimento livre esclarecido”, foi realizado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na quinta-feira (23).
A determinação do Ministério da Saúde vai ao encontro da opinião do presidente Jair Bolsonaro (PL). Durante sua live semanal realizada em 16 de dezembro, o chefe do Executivo havia declarado que a palavra final caberia aos responsáveis pelas crianças.
Para Gabbardo, que foi secretário-executivo da pasta durante a gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, “o Ministério da Saúde passou a ser um mero transferidor de recursos”. “Ele não tem mais condições de fazer a gestão do Sistema Único de Saúde [SUS]. Essa alternativa de querer que as crianças consultem para ter um atestado médico para se vacinar é um absurdo”, criticou.
[cnn_galeria active=”false” id_galeria=”439988″ title_galeria=”Veja a vacinação contra a Covid-19 no Brasil e no mundo”/]
“Nós temos 20 milhões de crianças nessa faixa etária [de 5 a 11 anos]. Como vamos colocar essas crianças nas unidades sanitárias que já estão sobrecarregadas de pessoas adultas doentes com risco de se contaminarem? Não tem consulta para todo mundo, haverá uma sobrecarga enorme nas unidades de saúde. É uma medida absurda, não é factível, e só mostra o total desconhecimento sobre o sistema de saúde que o Ministério hoje tem”, justifica Gabbardo.
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira que o governo federal explique a determinação de prescrição médica em cinco dias.