Prefeitura de SP cobra investimentos e isonomia em fornecimento de oxigênio
Os documentos apontam intermitência no fornecimento de oxigênio 'ocasionado por lacunas e alteração na rotina de abastecimento pela empresa White Martins'
A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo cobrou providências de diversos órgãos federais e estaduais para que a empresa White Martins, fornecedora de oxigênio para hospitais e equipamentos de saúde da rede pública, “seja notificada a promover urgentemente investimentos em logística visando eliminar qualquer risco de desabastecimento”.
A Prefeitura aponta ainda às autoridades a “necessidade de norma reguladora visando a garantir a isonomia de distribuição entre hospitais públicos e privados”.
As solicitações, assinadas pelo secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, foram encaminhadas na segunda-feira (22) ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello – substituído nesta terça-feira (23) pelo cardiologista Marcelo Queiroga -; ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo; ao presidente do Tribunal de Contas do Município, João Antônio da Silva Filho; ao defensor-público-geral de São Paulo, Florisvaldo Antônio Fiorentino Júnior; e ao coordenador do Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública de São Paulo, Davi Quintanilha Failde de Azevedo.
Nos ofícios, Aparecido pede “apoio e providências institucionais, por meio de regulação, fornecimento de insumos e junto às empresas fornecedoras para aumentar a capacidade logística de fornecimento de gás oxigênio hospitalar nos Equipamentos de Saúde do Município de São Paulo”.
Intermitência no fornecimento
Os documentos apontam intermitência no fornecimento de oxigênio “ocasionado por lacunas e alteração na rotina de abastecimento pela empresa White Martins”. Ocorreram problemas, de acordo com a secretaria, nos hospitais Ermelino Matarazzo e Tatuapé, ambos na zona leste da capital paulista. Ambos apontam falhas na rotina de fornecimento de oxigênio.
De acordo com a secretaria, “o aumento exponencial da receita, provocado pela alta exponencial do consumo, e o porte das empresas fornecedoras de oxigênio são motivos suficientes para que as mesmas aumentem urgentemente, mediante investimentos, a capacidade logística a fim de assegurar o abastecimento de oxigênio hospitalar e impedir a descontinuidade dos serviços nos Equipamentos de Saúde por elas atendidos, bem como possibilitar a ampliação dos leitos”.
No sábado (20), após 10 pacientes serem transferidos do pronto-atendimento em Ermelino Matarazzo por problemas no fornecimento de oxigênio, Aparecido disse em entrevista à CNN que se tratava de pressão na logística de distribuição do gás, o mesmo apontado nos ofícios às autoridades federais, estaduais e municipais.
Na ocasião, a White Martins alegou que não faltou oxigênio na unidade de saúde da ocorrência.
Procurada pela CNN, a White Martins informou que a empresa está atendendo todos os contratos de fornecimento em vigor e aponta grande aumento no consumo de oxigênio líquido e gasoso. Segundo a empresa, o consumo diário de oxigênio líquido na cidade de São Paulo subiu de 75 mil metros cúbicos, em janeiro de 2021, para 166 mil metros cúbicos atualmente.
“Este incremento representa um aumento de 121%, fazendo com que a logística ficasse muito impactada na região. A frequência diária de viagens para entrega de oxigênio líquido medicinal nos hospitais cresceu 63% em março de 2021 em relação a janeiro deste ano”, diz a empresa.
“Com relação ao oxigênio gasoso, a quantidade de cilindros transportados teve um crescimento de 60%, que provocou um aumento na frequência de entregas de 16% na comparação entre a primeira quinzena de janeiro e os primeiros 15 dias de março de 2021.”
Sobre o fornecimento à Secretaria Municipal de Saúde, a White Martins informou entregar tanto oxigênio líquido quanto gasoso. “Para se ter uma ideia, o consumo diário de oxigênio em algumas unidades de pronto atendimento aumentou 20 vezes em março de 2021 em comparação com dezembro de 2020. Com isso, as entregas que eram realizadas semanalmente estão sendo realizadas diariamente.”
Em relação à logísitca, “a White Martins já acrescentou, até 23 de março de 2021, 11 veículos à sua frota de distribuição; adicionou cerca de dois mil cilindros de oxigênio à sua operação; fez dez adequações nas centrais reservas de cilindros e cinco adequações de estocagem de oxigênio líquido nos estabelecimentos assistenciais de saúde da cidade de São Paulo”.