Prefeitos de Manaus e Florianópolis debatem flexibilização da quarentena
Arthur Virgílio e Gean Loureiro dizem como vai funcionar a nova fase nas cidades em que governam a partir de segunda


Os prefeitos de Manaus, Arthur Virgílio, e de Florianópolis, Gean Loureiro, falaram sobre as diferentes fases em que seus estados se encontram na flexibilzação da quarentena. Enquanto a capital do Amazonas deve reabrir a economia a partir de segunda-feira (1º), a capital de Santa Catarina já se antecipou há um mês.
“Em duas ocasiões anteriores, consegui evitar uma abertura prematura. Dessa vez, eu disse: ‘Governador, vou lhe dar um voto de confiança. Agora não acredito nessa abertura’. O número de mortes continua grande, o de infectados é enorme. Não sou a favor dessa abertura”, diz Virgílio.
“Tivemos muita influência do presidente a favor da abertura e uma adesão ao isolamento que não deixou que tivéssemos um bom resultado e nada me diz que a abertura será respeitada pelas mesmas pessoas que desrespeitaram o isolamento”, continua o prefeito de Manaus, dizendo-se contra que igrejas e shoppings reabram agora.
“Tenho muito medo que essa abertura precipitada termine dando em complicações mais graves para um Estado que já sofreu muito”, opina.
Já Loureiro enumera as medidas tomadas em Florianópolis. “Estudamos o avanço do coronavírus antes de chegar no Brasil. Tomamos as medidas de isolamento já no dia 12 de março. A Prefeitura organizou o primeiro atendimento pré-clínico no Brasil, no dia 16 de março, onde mais de 50 mil pessoas puderam telefonar e tirar dúvidas pela internet. Tudo isso facilitou evitar esse crescimento do contágio”, afirma.
“Também iniciamos cedo a testagem, somos a capital que mais testa proporcionalmente em todo o país. Isso permitiu isolar e monitorar. Conseguimos informar a população quando tem um caso de Covid a 200 metros de sua residência”, explica.
“Ainda estamos em fase de crescimento. Não vencemos o coronavírus, temos uma batalha pela frente. Isso demonstra que um trabalho de distanciamento social precoce, sem transporte coletivo e um comportamento exemplar da população permitiu que esses números fossem conquistados”, continua Loureiro.
Virgílio falou ainda sobre Jair Bolsonaro. “O fato é que ele mandou colocar um outdoor ‘Manaus segue com Bolsonaro: o bosta do Arthur não manda nem na casa dele’. Claro que ele vai ser processado, como será processado com o que está acontecendo com os índios. Vou à OEA (Organização dos Estados Americanos), vou à ONU”, promete.
O prefeito de Manaus não escondeu o receio com a medida. “Não sou a favor, acho a reabertura precipitada. Disse ao governador. ‘Se eu estiver certo, as consequências vão ser hospitais lotados outra vez, retroceder a um ponto que havíamos superado'”, completou.