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    Precisamos saber lidar com a Covid longa, diz pesquisadora da Fiocruz

    À CNN Rádio, Rafaella Fortini falou sobre o estudo que coordenou e que mostrou que 50% dos infectados pelo coronavírus desenvolveram sequelas

    Nicole FuscoBel Camposda CNN , em São Paulo

    A medicina precisa entender como a chamada Covid longa se desenvolve e como afeta os mais diversos órgãos, segundo a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Rafaella Fortini.

    Em entrevista à CNN Rádio, ela falou sobre o estudo que coordenou e que mostrou que metade dos acometidos pela Covid-19 desenvolveram sequelas a longo prazo.

    “Nos surpreendeu a taxa de pacientes após infecção aguda pelo coronavírus, que passaram a desenvolver a Covid longa. Mesmo no caso de pacientes que tiveram infecção leve, que não precisaram de hospitalização, tivemos 59% dos pacientes desenvolvendo sequelas”, disse.

    Ao todo, 646 pessoas foram acompanhadas durante 14 meses após a infecção pelo coronavírus.

    A principal queixa relatada pelos pacientes foi em relação à fadiga, que se caracteriza por cansaço extremo e dificuldade em realizar atividades rotineiras. Ela foi indicada por 115 pessoas (35,6%).

    Esse é um dos diferentes tipos de sintomas desenvolvidos após o término da infecção por Covid-19. Ao todo, foram contabilizados 23.

    De acordo com Fortini, as sequelas podem ser divididas em dois grupos: o dos sintomas remanescentes, ou seja, sintomas que os pacientes relataram durante a infecção e que continuaram sentindo mesmo após a Covid, e o das novas condições clínicas, como cansaço, trombose e hipertensão arterial, além da perda de olfato e paladar e queda de cabelo.

    “Muitos estudos estão sendo feitos para ajudar a gente entender como a Covid longa se caracteriza e se forma nos muitos órgãos que são afetados, para que a gente chegue a uma parte do tratamento, mesmo que não seja a melhora completa da condição. Precisamos ter foco também nas questões neurológicas porque existe essa relação direta”, disse.

    A pesquisadora da Fiocruz ressaltou que o entendimento e o tratamento dos sintomas da Covid longa precisam da união de profissionais da saúde, instituições, agências de saúde e institutos de pesquisas.

    “Precisamos saber lidar com a Covid longa, assim como aprendemos a lidar com a infecção aguda. É preciso ter mais facilidade nessa identificação”, afirmou.

    Nesse sentindo, os pacientes também têm um papel importante. “Deixo um recado para que os pacientes procurem um médico. Mesmo com sequelas leves, precisam de um acompanhamento médico, um fisioterapeuta, porque, a partir desse relato, nos ajuda a aperfeiçoar esse controle”, destacou.

    Fortini concluiu dizendo que pacientes vacinados contra a Covid-19 e que tiveram a infecção após a imunização também estão sendo acompanhados.

    O objetivo é saber se a Covid longa também aparece em pessoas vacinadas e com qual intensidade. “Torcemos para que os dados melhorem com o impacto da vacina.”

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