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    Por que bebês passam a maior parte do tempo dormindo? Estudos explicam

    Monitoramento do cérebro de bebês recém-nascidos durante o sono pode fornecer pistas para essa questão, além de informações sobre a maneira como eles aprendem

    Equipamento desenvolvido pelos cientistas funciona conectado a um computador através de um único cabo
    Equipamento desenvolvido pelos cientistas funciona conectado a um computador através de um único cabo Artigo/NeuroImage

    Lucas Rochada CNN

    em São Paulo

    Crianças pequenas precisam de mais tempo de sono do que adolescentes e adultos. No entanto, cientistas ainda buscam entender exatamente os motivos.

    O monitoramento do cérebro de bebês recém-nascidos durante o sono pode fornecer pistas para essa questão, além de informações sobre a maneira como eles aprendem.

    Analisar o sono de adultos já é algo complicado, devido às possíveis alterações no padrão de adormecimento causado pelos incômodos equipamentos. No caso de bebês, o desafio pode ser ainda maior.

    Pesquisadores do Reino Unido atuam no desenvolvimento de tecnologias para o estudo do cérebro dos pequeninos. Um equipamento desenvolvido pelos cientistas da Universidade de Cambridge funciona conectado a um computador através de um único cabo. O sistema, semelhante a uma touca de natação, pode produzir imagens do cérebro com alta resolução.

    Para testar a tecnologia, os especialistas monitoraram o cérebro de 28 bebês internados na enfermaria de um hospital após o nascimento. Os resultados foram publicados no periódico científico NeuroImage.

    Detalhes do monitoramento cerebral

    Em recém-nascidos, o sono é normalmente dividido em dois estados: sono ativo e sono tranquilo. Estudos de eletroencefalografia (EEG) apontaram que esses estados demonstram dinâmicas funcionais distintas.

    Além disso, anormalidades na dinâmica do estado de sono e no ciclo sono-vigília durante o período neonatal estão associadas a resultados alterados do neurodesenvolvimento em bebês mais velhos e em crianças.

    Embora o EEG seja altamente aplicável em ambientes clínicos e possa permitir registros longos, o exame é limitado à atividade elétrica cerebral e não pode fornecer informações sobre as alterações hemodinâmicas, como disfunções neurológicas, vasculares e cardiológicas, como obstruções, aneurismas e tromboses.

    No estudo de Cambridge, os pesquisadores filmaram os bebês durante o monitoramento cerebral, para comparar os dados posteriormente e identificar em qual fase do sono cada criança estava em cada momento da análise.

    Foram observadas diferenças no cérebro durante as duas fases do sono. De acordo com o estudo, os bebês se mostraram mais inquietos na fase do sono ativo, com o estímulo de regiões dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro ao mesmo tempo e da mesma maneira.

    Monitoramento do sono de recém-nascido no estudo de Cambridge / Artigo/NeuroImage

    Os achados indicam a formação de novas e longas conexões em toda a estrutura do órgão. Por outro lado, durante o sono tranquilo, foram observadas conexões mais curtas nas regiões cerebrais.

    Diante dos resultados, os estudiosos avaliam que o sono ativo seja um momento fundamental para que o cérebro elabore a experiência consciente de maneira ampla, como o reconhecimento de pessoas ou de espaços. Já as conexões associadas à etapa de sono tranquilo podem contribuir para ajustar o funcionamento de regiões do cérebro de forma individual.

    “Nossos resultados demonstram que agora é possível obter imagens funcionais de alta qualidade do cérebro neonatal no ambiente clínico com poucas restrições. Nossos resultados também sugerem que os estados de sono afetam diferencialmente a conectividade cerebral funcional no órgão neonatal, consistente com relatos anteriores”, dizem os autores no artigo.

    A investigação sobre o funcionamento de cérebros saudáveis pode ampliar o conhecimento e abrir caminhos para o desenvolvimento de técnicas de aprimoramento de recém-nascidos prematuros.