População mundial se aproxima de 8 bilhões; número deve ser atingido na terça (15)
Faltam menos de 500 mil pessoas para o planeta completar a marca; Organização das Nações Unidas (ONU) aponta desafios globais em educação, saúde, alimentação, meio ambiente e combate à pobreza
A população global deverá atingir 8 bilhões na próxima terça-feira (15). De acordo com as mais recentes projeções das Nações Unidas (ONU), faltam menos de 500 mil pessoas para que o planeta atinja a marca. Segundo a ONU, a população mundial deve chegar em 8,5 bilhões em 2030 e a 9,7 bilhões em 2050.
O relatório World Population Prospects 2022 aponta que a Índia deverá superar a China como o país mais populoso do mundo em 2023. A estimativa é de que a população atinja um pico de cerca de 10,4 bilhões de pessoas durante a década de 2080 e permaneça neste nível até 2100.
“Esta é uma ocasião para celebrar nossa diversidade, reconhecer nossa humanidade e admirar os avanços na saúde que aumentaram a longevidade e reduziram drasticamente as taxas de mortalidade materno-infantil”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, em comunicado.
“Ao mesmo tempo, é um lembrete sobre a nossa responsabilidade compartilhada de cuidar de nosso planeta. É também um momento para refletir que ainda estamos aquém dos nossos compromissos com o outro”, acrescentou.
O que dizem os indicadores populacionais
A população global está crescendo em um ritmo mais lento desde 1950, apresentando uma queda de 1% em 2020. O relatório também afirma que a fecundidade caiu acentuadamente nas últimas décadas para muitos países.
Atualmente, dois terços da população global vive em um país ou região onde a fecundidade ao longo da vida está abaixo de 2,1 nascimentos por mulher, aproximadamente o nível necessário para um crescimento zero a longo prazo para uma população com baixa mortalidade.
Estima-se que as populações de 61 países diminuam 1% ou mais entre 2022 e 2050, devido aos baixos níveis de fecundidade e, em alguns casos, às elevadas taxas de emigração.
O levantamento aponta que mais da metade do aumento projetado da população global até 2050 estará concentrado em oito países: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e República Unida da Tanzânia. A estimativa é de que os países da África Subsaariana contribuam com mais da metade do aumento previsto até 2050.
“A relação entre crescimento populacional e desenvolvimento sustentável é complexa e multidimensional”, disse o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais, Liu Zhenmin, em comunicado.
“O rápido crescimento populacional torna mais difícil erradicar a pobreza, combater a fome e a desnutrição e aumentar a cobertura dos sistemas de saúde e educação. Por outro lado, alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente aqueles relacionados à saúde, educação e igualdade de gênero, contribuirá para reduzir os níveis de fertilidade e para desacelerar o crescimento da população global”.
Distribuição da população por faixas de idade
O relatório indica que na maioria dos países da África Subsaariana, além de partes da Ásia e da América Latina e Caribe, a parcela da população em idade ativa, compreendida entre 25 e 64 anos, vem aumentando devido às recentes reduções de fecundidade. A mudança na distribuição etária oferece uma oportunidade para o crescimento econômico acelerado per capita, conhecido como “dividendo demográfico”.
A ONU destaca que os países podem ampliar os benefícios potenciais de uma distribuição etária favorável se investirem no desenvolvimento adicional de seu capital humano. Para isso, é necessário garantir o acesso a cuidados de saúde e educação de qualidade em todas as idades e promovendo oportunidades de emprego produtivo e trabalho decente.
A parcela da população global com 65 anos ou mais deverá aumentar de 10% em 2022 para 16% em 2050. Espera-se que o número de pessoas com 65 anos ou mais em todo o mundo seja mais do que o dobro do número de crianças com menos de 5 anos, e aproximadamente o mesmo que o número de crianças com menos de 12 anos.
A ONU orienta que países com populações idosas devem adaptar seus programas públicos para o número crescente de pessoas mais velhas, implementando cuidados de saúde universais e sistemas de cuidados de longo prazo, além de melhorar a sustentabilidade dos programas de previdência social e aposentadoria.
A expectativa de vida global ao nascer atingiu 72,8 anos em 2019, uma melhoria de quase 9 anos desde 1990. Estima-se que novas reduções na mortalidade resultem em uma longevidade global média de cerca de 77,2 anos em 2050. Ainda em 2021, a expectativa de vida para os países menos desenvolvidos ficou 7 anos atrás da média global.
Impactos da pandemia
A pandemia da Covid-19 afetou os três componentes da mudança populacional. A expectativa de vida global ao nascer caiu para 71,0 anos em 2021. Em alguns países, ondas sucessivas da doença podem ter produzido reduções de curto prazo no número de gestações e nascimentos, enquanto para muitos países há poucas evidências do impacto nos níveis ou tendências de fecundidade, segundo a ONU.
Além disso, a pandemia restringiu todas as formas de mobilidade humana, incluindo a migração internacional.
“Mais ações dos governos destinadas a reduzir a fecundidade teriam pouco impacto no ritmo de crescimento populacional entre agora e meados do século devido à estrutura etária jovem da população global de hoje. No entanto, o efeito cumulativo da menor fecundidade, se mantido por várias décadas, pode ser uma desaceleração mais substancial do crescimento da população global na segunda metade do século”, disse o diretor da Divisão de População do Departamento de Economia e Assuntos Sociais da ONU, John Wilmoth.
(Com informações das Nações Unidas)