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    População de Brumadinho tem alta prevalência de sintomas psiquiátricos, diz estudo

    Moradores apresentam problemas de saúde mental como depressão, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e ansiedade; rompimento de barragem na cidade em 2019 deixou 270 vítimas

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta para altas prevalências de sintomas psiquiátricos entre a população de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. O rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em 2019, deixou 270 mortos.

    Os pesquisadores avaliam problemas como depressão, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), ansiedade, ideias de morte e perda da qualidade do sono.

    Segundo o estudo, os sintomas depressivos foram a condição mais prevalente (29,3%), seguidos pelos sintomas de TEPT (22,9%) e de ansiedade (18,9%). Os piores cenários foram entre mulheres, idosos, moradores da área mais próxima à mineração e pessoas com escolaridade de nível médio.

    A professora do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Maila de Castro, explica que esses grupos estão mais vulneráveis ao adoecimento em saúde mental e que precisam de uma atenção especial das autoridades. Além disso, a vulnerabilidade ao adoecimento é mais presente quanto maior a exposição ao desastre.

    “A vida ameaçada, a destruição de sua casa ou perder alguém querido são situações comuns em desastres e esses momentos são traumáticos para as pessoas”, afirma Maila, em comunicado.

    Os especialistas comparam a prevalência dos sintomas depressivos identificados em Brumadinho com o alto índice de diagnósticos de depressão em Mariana, apontados no relatório da Pesquisa sobre a Saúde Mental das Famílias Atingidas pelo Rompimento da Barragem do Fundão em Mariana (Prismma), que chegou a 28,9%. A prevalência é cerca de cinco vezes maior do que a descrita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a população brasileira, em dados de 2015.

    A análise foi realizada a partir de entrevistas entre os meses de junho e dezembro de 2021. Foram incluídos na amostra 2.740 moradores adultos da cidade. Para a professora da UFMG, os dados reforçam a magnitude das tragédias.

    “Apesar de termos a percepção de uma resposta mais imediata de órgãos públicos e sociedade civil se compararmos com a tragédia em Mariana, o que vemos nas pesquisas é uma similaridade entres os afetados, revelando que o impacto na saúde mental é muito grande”, afirma.

    A pesquisa faz parte do Projeto Saúde Brumadinho, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Minas) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com participação da UFMG.

    Os próximos passos do estudo incluem o acompanhamento longitudinal, para que seguimento da saúde do grupo ao longo dos próximos anos. A iniciativa conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os resultados da análise foram publicados na Revista Brasileira de Epidemiologia.

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