Pesquisador Ufes: Meia dose da AstraZeneca produz mesma quantidade de anticorpos
Coordenador dos estudos com meia dose no Espírito Santo diz que objetivo é comprovar se a eficácia também ajudará a reduzir a incidência da doença
A cidade de Viana, no Espírito Santo, passará por um estudo de vacinação em massa com o imunizante da Astrazeneca. Produzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a pesquisa pioneira no mundo vai utilizar meia dose do imunizante.
Em entrevista à CNN, o médico José Geraldo Mill, coordenador de pesquisa no Hospital Universitário da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) e um dos responsáveis pelo estudo, disse que a meia dose é efetiva para produzir anticorpos contra a Covid-19.
“A meia dose da vacina da AstraZeneca já foi testada em pessoas no Reino Unido, mas em um grupo relativamente pequeno. Os resultados mostraram que ela tem uma eficácia para produzir anticorpos semelhante à dose completa que foi autorizada e está sendo usada na população.”
O objetivo é testar se esta resposta imune é suficiente para proteger os indivíduos contra a manifestação da doença. A pesquisa epidemiológica terá início no dia 13 de junho. “Se ela [meia dose] tem eficácia para produzir anticorpos isso nos dá uma garantia de que provavelmente terá eficácia também para reduzir a incidência da doença”
De acordo com o pesquisador, a vacina será oferecida à população de 18 a 49 anos que está fora dos grupos prioritários. A cidade foi escolhida por ter um número maior que 30 mil habitantes nesta faixa etária e por ser um município próximo ao hospital onde serão feitos os testes de eficácia.
“As amostras são coletadas nos postos de vacinação e têm que ser processadas no mesmo dia para extrair células de memória imunológica que serão estudadas depois”, explica José Geraldo.
Para os estudos de efetividade, a população vacinada com a meia dose, em duas aplicações com espaçamento de três meses, será comparada com outra amostra de pessoas que já receberam as duas doses cheias.
Também serão feitos estudos de imunogenicidade, que visam entender se a vacina provocou a produção de células do sistema imune capazes de guardar a memória imunológica do novo coronavírus.