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    Período de ensino a distância na pandemia aumentou qualidade do sono entre jovens

    Estudo suíço com 3,6 mil participantes relatou melhoras na saúde geral e na qualidade de vida de adolescentes

    Fabrizio Neitzkeda CNN , Em São Paulo

    Na edição desta quinta-feira (13) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre uma pesquisa feita por membros da Universidade de Zurique, na Suíça, que avaliou o sono de mais de 3,6 mil estudantes com idade média de 16 anos.

    De acordo com os resultados, dormir 75 minutos a mais diariamente durante o período de ensino a distância – que durou de março a junho de 2020 na Suíça – aumentou as condições de saúde dos alunos. O período adicional na cama está associado a uma redução do consumo de cafeína e álcool, além de uma maior capacidade de aprendizado.

    O déficit de sono, segundo a universidade, pode causar exaustão, ansiedade e distúrbios alimentares, afetando a concentração, memória e atenção dos jovens. Um dos líderes do estudo, o professor Oskar Jenni, afirmou que as descobertas poderiam ter sido ainda melhores caso a pandemia não tivesse gerado tantos efeitos negativos na saúde mental.

    Para Fernando Gomes, a importância do período do sono e do descanso é regularmente negligenciada para a saúde do corpo humano, apesar de ser tão relevante quanto a prática de atividades físicas e uma alimentação balanceada.

    Analisando os dados da pesquisa, Gomes explicou que o consumo de cafeína está relacionado à falta de repouso no período noturno, enquanto o álcool está ligado a uma necessidade de relaxamento por parte dos jovens. “Do ponto de vista prático, sabemos que é durante a fase REM [rapid-eye movement, quando o cérebro está ativo] do sono que as experiências do dia são organizadas no hipocampo, o que confere uma melhor memória.”

    O neurocirurgião destacou que o tempo necessário para o sono varia de uma pessoa para outra, mas que, em geral, a média é entre seis a oito horas. “Precisamos lembrar que não é simplesmente quantidade, é qualidade. Como o sono acontece em ciclos, se oferecemos possibilidade de dormir um ciclo a mais, vamos ofecerer uma qualidade melhor”, disse.

    Gomes também defendeu que escolas e universidades adiem o horário das aulas durante o período da manhã, aumentando o tempo de descanso para os alunos. Apesar de os jovens poderem continuar no horário atual e dormir mais cedo, o médico acredita que, na prática, o processo não seja tão simples.

    “Tradicionalmente, se eu consigo colocar o despertador do meu relógio para tocar, eu consigo organizar o momento que vou acordar. Mas adormecer nem sempre é tão fácil. É uma mudança de paradigma.”

    Fernando Gomes recordou a importância da redução de aparelhos eletrônicos pelo menos uma hora antes de dormir. A luz emitida por tablets e smartphones pode ser prejudicial à saúde e desregular o metabolismo do corpo, alterando o funcionamento dos hormônios.

    “Principalmente [para a qualidade do sono], priorizar um ambiente escuro. Muitas vezes, até aquelas pequenas luzes de LED tornam o quarto um ambiente mais propício para que você tenha um processo de relaxamento mais fisiológico”, finalizou.

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