Pasternak: Abandonaremos medidas quando não houver novos casos por um bom tempo
"Primeiro nível de controle que precisamos é o da hospitalização e morte. Isso vamos conseguir muito antes de poder parar de usar máscara", disse a pesquisadora
Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (25), a microbiologista e presidente do Instituto Questão de Ciência, Natália Pasternak, afirmou que só vamos poder abandonar as medidas para evitar o contágio da Covid-19 quando passarmos um bom tempo sem ter novos casos.
“O primeiro nível de controle que precisamos, e é o mais urgente, é o da hospitalização e morte. Isso vamos conseguir muito antes de poder parar de usar máscara”, avaliou.
“Quando a gente conseguir vacinar as populações de risco, os grupos prioritários, já devemos ver uma redução forte em hospitalização e morte. Nesse momento, ainda vamos estar usando máscara, cumprindo as medidas de prevenção, mas já terá um impacto social muito forte porque vai ter muito menos gente morrendo, o serviço de saúde vai desafogar. Isso deve acontecer no meio do ano, se tivermos uma boa campanha de vacinação”, prosseguiu.
Segundo Pasternak, a partir do segundo semestre de 2021, se tivermos uma campanha de vacinação contra o novo coronavírus efetiva, haverá uma redução de número de novos casos. “A partir daí, realmente começamos a controlar a doença. E abandonar as medidas de prevenção só quando passarmos por um bom tempo sem ter novos casos”, disse.
A microbiologista lembrou ainda que apesar da vacinação contra a Covid-19 ter começado, “vacina não é mágica”.
“Precisamos, sim, de medidas de restrição que, assim como as vacinas, só funcionam com a colaboração de todos. Não adianta os governos fazerem todo tipo de imposição e fiscalização. Precisamos de conscientização, colaboração e realmente que as pessoas, de forma voluntária, se encarreguem de fazer as medidas de contenção para que possamos sair dessa situação caótica o mais rápido possível”, explicou.
Pasternak também disse esperar que a pandemia “sirva de lição” para os próximos governos. “Acho que esse governo não apostaria numa valorização de ciência e educação, porque é um governo que já se mostrou extremamente contrário a essas atividades. Espero que essa situação sirva de lição para que o próximo governo valorize a ciência e enxergue como foi e é essencial para que a gente possa lidar não só com situações de emergência, mas para que possamos manter uma sociedade tecnológica minimamente sustentável.”
(Publicado por Amauri Arrais)