Passaporte é valorização do ato de se vacinar, diz ex-presidente da Anvisa
Dirceu Barbano cobrou do governo urgência em discutir as solicitações da Anvisa, que pede obrigatoriedade do passaporte da vacina para turistas estrangeiros
Uma eventual medida de exigência do passaporte de vacinação para entrar no Brasil, medida que será discutida na tarde desta segunda (6) entre governo e Anvisa, tem a capacidade de valorizar o ato de se vacinar.
É o que afirmou o ex-presidente da Anvisa Dirceu Barbano à CNN nesta segunda ao ser questionado sobre as medidas que a agência está solicitando junto ao governo para evitar disseminações da nova variante no país.
Nesta tarde, a agência deve se reunir com membros do governo para discutir as recomendações feitas para solicitação de comprovante vacinal para entrar no país e aumento no número de países com restrições de voos.
“À medida que você passa a exigir, você dá um sinal claro de que a vacina é algo fundamental na política pública de controle da epidemia de Covid”, disse Barbano. “Vejo como valorização do ato de se vacinar”, afirmou.
Segundo o ex-diretor da agência, a exigência do passaporte vacinal vai “colocar o Brasil na mesma página de outros países, que tratam da vacina como algo prioritário para controle da pandemia”.
Ele ressalta que apenas a exigência do teste não é suficiente para conter uma disseminação da nova variante porque a pessoa pode estar no tempo de carência para a detecção da infecção ou mesmo adquirir o vírus já dentro do país.
Recomendações precisam ser seguidas
Barbano se diz “desconfortável” com o tratamento que a Anvisa recebe do governo e questiona o discurso oficial de que a pandemia é um assunto prioritário.
“Eu fico desconfortável de ver que o governo precisa marcar uma reunião depois uma solicitação da Anvisa no dia 26. Isso mostra mais uma disfuncionalidade do governo em fazer essa coordenação”, aponta.
Bloqueio de voos
Sobre o bloqueio de voos de determinados países da África, outro assunto que será discutido na reunião, Barbano diz que tende a criar um “apartheid”, mas que é uma medida que precisa ser tomada até que seja descoberto o potencial real de disseminação e mortalidades da nova cepa.
“Quando você passa a restringir (voos dos países africanos), você vai criando um apartheid que nenhum de nós deseja. Por outro lado, são importantes para aguardar um pouco mais informações massivas sobre a eficácia das vacinas”, avaliou.