Para Teich e Oliveira, falta de liderança prejudicou combate à Covid-19 no país
Ex-ministro da Saúde e o ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde da pasta avaliaram cenário da pandemia da Covid-19 no país
No dia em que o Brasil completa seis meses do primeiro registro de caso do novo coronavírus, Wanderson Oliveira, ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, e o ex-ministro da Saúde Nelson Teich avaliaram, em entrevista à CNN, o cenário da pandemia no país.
Ambos disseram que é preciso ter uma coordenação nacional e liderança para que o combate à doença seja efetivo.
“Onde nós tivemos mais dificuldades e precisamos melhorar é numa coordenação nacional e qualidade da vigilância. Ou seja, os números devem ser mais precisos”, falou o ex-secretário, ressaltando que o país ainda enfrenta dificuldade em testar e rastrear casos positivos e seus contatos.
Teich concordou e classificou a situação que o mundo enfrenta como um “mar de muita incerteza e desconhecimento”.
“Temos que tomar cuidado para que a gente, neste momento, não queira apontar culpados e transferir responsabilidades. (…) Se você não tem cooperação, aquilo que tem que ser revisto vira uma ferramenta para a pessoa culpar, agredir”, disse.
O ex-ministro falou que, enquanto esteve no comando do Ministério da Saúde, o que fez foi “tentar conduzir da forma que achava correta”.
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“A percepção que eu tive era de que não existia uma liderança e coordenação. O que existia era colaboração, diálogo e interação. E o Ministério tem que ser a liderança, porque não vai lidar só com o SUS [Sistema Único de Saúde], mas com a saúde suplementar, iniciativa privada, pessoas em geral”.
O ex-secretário Wanderson Oliveira falou ainda que, a seu ver, a politização de toda a situação “prejudicou muito o andamento” do enfrentamento da doença.
“Você tinha que lidar com a saúde em si e ainda ficar contornando e trabalhando estratégia de comunicação e ação que não prejudicassem ainda mais as ações de controle”.
Neste momento, o Brasil estuda quatro vacinas contra o novo coronavírus. Wanderson, que afirmou ser “entusiasta da vacina”, acredita que não teremos uma imunização a curto nem a médio prazo.
“Na minha experiência pessoal, [isso acontecerá] em torno de junho ou julho”, falou ele.
Para o secretário, será preciso aprender a conviver com o vírus até que se tenha proteção, seja ela vacinal ou natural. A mensagem final, disse ele, é manter o distanciamento de pelo menos 1,5 m, usar máscara e adotar os protocolos de higiene.