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    Para pediatra, estudo de Harvard alerta para riscos de volta às aulas

    Pesquisa de universidade americana mostra que papel de crianças na transmissão da Covid-19 é maior que se pensava

    Layane Serrano , Da CNN, em São Paulo

    A Universidade Harvard divulgou nesta quarta-feira um estudo que coloca em xeque o retorno das crianças às escolas: a pesquisa afirma que as crianças têm alta carga viral e podem ser mais contagiosas que os adultos. 

    Em entrevista à CNN, a pediatra Ana Escobar, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) afirmou que o estudo é muito importante porque é possível entender melhor o que acontece com as crianças, principalmente neste cenário de possível volta às aulas.

    “O estudo afirma que as crianças são, sim, portadoras de uma carga viral muito alta, logo são contagiosas. Antes, achávamos que as crianças transmitiam menos, por apresentar sintomas mais leves. Por isso, estávamos mais confortáveis em pensar na volta às aulas. Mas não é o que acontece, não é o que a pesquisa demonstrou. Por isso que acho que a volta às aulas deve ser refletida e repensada frente a esse novo estudo.”

    Quando questionada sobre os principais motivos para se repensar no retorno para as escolas, a pediatra reafirma dois pontos: a possibilidade de uma maior exposição e a inocência dos menores. 

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    “É preciso repensar o retorno às escolas sim, porque crianças na escola significa uma exposição maior que envolve professores, funcionários e família, muitas vezes do grupo de risco. É muita gente que está envolvida nesse processo. Os menores, por exemplo, não entendem o que é distanciamento social e os menores de dois anos não podem usar máscara, e são esses pequenos que possuem uma carga viral grande. Esse cenário de volta às aulas é complexo e com essas informações inequívocas precisamos repensar.”

    Outra questão levantada foi a necessidade de testar as crianças com uma certa periodicidade. Neste sentido, a pediatra afirmou que a falta de testes pode ser um dos fatores que complica esse cenário de volta às aulas. 

    “O estado vai garantir teste para todas as crianças suspeitas? Porque no momento em que uma criança apresentar sintomas, será preciso afastá-la e realizar o teste nela e também nas outras crianças. Além disso, as gripes e resfriados poderão incidir mais as crianças, por outros vírus que não necessariamente será a Covid-19. Só que no início, os sintomas se confundem. Ainda estamos em uma pandemia, não estamos no ‘novo normal’. Não é normal as crianças irem para as escolas, não é normal não irmos aos estádios de futebol, enfim, precisamos repensar a volta às aulas nessa situação anormal. O ‘novo normal’ só será depois da vacina”. 

    Situação dos estados

    Em meio aos debates sobre a volta às aulas presenciais no país durante a pandemia da Covid-19, que ultrapassou 110 mil mortes no Brasil, alguns estados já começaram a definir datas de retorno, enquanto outros seguem sem definição de calendário.

    Ao todo, o país tem oito unidades federativas sem aulas presenciais, suspensas por decreto: Amapá, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rondônia e Tocantins.

    Apenas cinco estados já definiram ou iniciariam o retorno às salas de aula: Amazonas, Acre, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.

    Amazonas retomou o ano letivo no último dia 10. Já São Paulo prevê retorno em 7 de outubro a depender dos indicadores de saúde, segundo o secretário de educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, disse à CNN.

    Nove estados e o Distrito Federal seguem sem data definida: Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Santa Catarina e Sergipe.

     

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