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    Papelão, jornal ou outros substitutos do absorvente prejudicam saúde da mulher

    No quadro Correspondente Médico, Fernando Gomes falou sobre os impactos da pobreza menstrual e a falta de itens de higiene adequados para mulheres de baixa renda

    Da CNN* , Em São Paulo

    Na edição desta sexta-feira (8) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre a pobreza menstrual, que é a falta de acesso ou dinheiro para comprar produtos de higiene ligados à menstruação.

    Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vetou o trecho de uma lei que previa a distribuição gratuita de absorventes para pessoas de baixa renda no Brasil. A justificativa do Palácio do Planalto foi que a lei não indicava a fonte de custeio para a compra dos absorventes.

    A decisão contrariou especialistas e ativistas pelos direitos das mulheres. Andressa Camargo, coordenadora do Coletivo Igualdade Menstrual, explicou à CNN por que esse tema é essencial para a saúde pública no país.

    “O absorvente não é um cosmético, um supérfluo, algo opcional na nossa vida, porque toda mulher que possui um útero ativo e saudável menstrua. Menstruar não é uma escolha, é um processo fisiológico que faz parte do nosso corpo e das nossas necessidades”, disse.

    “Assim como precisamos de comida e água por fome e sede, a gente precisa ter acesso a uma forma segura de absorver o nosso fluxo porque a gente menstrua. Digo segura porque quem não tem condições financeiras de adquirir um absorvente vai usar qualquer outra coisa durante o ciclo menstrual: jornal, papelão, sacola, areia, miolo de pão. É justamente isso que torna a pobreza menstrual uma questão de saúde pública”, completou.

    Para Fernando Gomes, a falta de absorventes para mulheres de baixa renda reflete um problema social muito maior. “Dessas mulheres que hoje precisam de absorvente e não conseguem ter acesso, quantas tiveram acesso a fraldas quando bebês? Isso mostra que o problema no nosso país é muito maior que esse. A saúde não tem preço, mas tem custo. Não adianta a gente ter um olhar raso ou militante, precisamos entender algo muito maior e complexo que é a realidade do nosso país”, afirmou o médico.

    Gomes defendeu que mulheres tenham acesso a uma saúde de qualidade e, no caso da pobreza menstrual, explicou como a falta do absorvente pode causar uma série de problemas de saúde, que podem impactar também o psicológico e o emocional.

    “[A menstruação] é uma mudança no corpo. É um processo em que a criança está introduzida no processo da adolescência, e a puberdade traz diversas incertezas e inseguranças, a própria autoaceitação é importante, sem contar a questão com a saúde biológica propriamente dita.”

    “Não ter acesso a absorventes pode impactar, pode criar mulheres que têm vergonha da sua condição, não entendem direito a biologia do seu corpo e podem contrair doenças que seriam evitáveis caso a higiene fosse levada em consideração”, apontou.

    (*Com informações de Raphael Florêncio, da CNN, em São Paulo)

    (Publicado por Daniel Fernandes)

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