Paciente argentina curada do HIV é esperança para médicos no combate à Aids
Para o infectologista da Unifesp, Ricardo Diaz, referência no estudo da Aids, mecanismo que pode ter livrado a paciente do vírus deve ser estudado e anima cientistas em busca da cura
A mulher argentina que está sendo chamada pelos médicos como paciente “Esperanza” representa um avanço nas pesquisas pela cura da Aids no mundo e anima pesquisadores de todo planeta.
O grupo que analisou bilhões de células e tecidos dela e concluíram que há 8 anos a paciente estava em remissão. A descoberta cria expectativas para as 38 milhões de pessoas que vivem com o HIV.
Um grupo de médicos de Harvard anunciou a descoberta em um grande encontro internacional de especialistas em HIV em março. Os especialistas revelaram que a paciente, cujo ex-namorado morreu de Aids, não tinha o vírus causador da doença. As descobertas foram agora confirmadas na revista científica Annals of Internal Medicine.
Existe outro caso emblemático de cura similar ao da argentina: o da norte-americana Loreen Willenbeg, de 67 anos, que apresentou a remissão em 2020.
Outros dois casos considerados como cura são específicos de pacientes que tiveram câncer e passaram por transplante de medula óssea com doares que tinham genes resistentes ao HIV — e, como consequência, acabaram eliminando o vírus.
Para o infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ricardo Diaz, uma das maiores referências no assunto no país, o caso aumenta as possibilidades de estudo buscando a cura para a Aids: “é um caso muito raro, que apresenta uma oportunidade da gente estudar mecanismos que podem fazer com que a gente cure as pessoas”.
O especialista esclarece que a paciente argentina fazia parte dos pacientes chamados de ”controladores de elite”, que não manifestam a doença, apesar de serem portadores do HIV.
Mas, mesmo esses grupos constumam ter desequilíbrios na imunidade ao longo da vida. ”Esse caso mostra que além da gente conseguir controlar a infecção naturalmente — caso dos controladores de elite — podemos fazer o controle de forma ainda mais intensa e potente, para eliminar as partes do vírus que conseguem se multiplicar.’, completa.
O infectologista esclarece que, assim como os outros pacientes em remissão, a argentina de 30 anos deve ser acompanhada pelos médicos e pesquisadores pelos próximos anos, para saber se, de fato, o vírus continua em remissão.