OMS alerta para risco que surtos de gripe aviária representam para humanos
Número crescente de infecção em mamíferos levantou preocupação; casos em humanos ainda são "raros"
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou, nesta quarta-feira (12), para o risco que os surtos de gripe aviária em animais podem significar para os humanos.
Junto da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e da Organização Mundial para a Saúde Animal (WOAH), foi destacado que o número crescente de infecções entre mamíferos levantou preocupação.
Isso porque esses animais são biologicamente mais próximos dos humanos que as aves, o que leva ao risco de o vírus se adaptar e infectar humanos mais facilmente, conforme explicam as organizações da ONU.
“Além disso, alguns mamíferos podem atuar como recipientes de mistura para os vírus influenza, levando ao surgimento de novos vírus que podem ser mais prejudiciais para animais e humanos”, continuam os órgãos.
Ainda assim, os casos confirmados em humanos — que podem causar doenças graves com alta taxa de mortalidade, segundo a OMS — ainda permanecem “muito raros”, com 8 infecções relatadas desde dezembro de 2021.
Os casos também estariam relacionados ao contato próximo com aves infectadas e ambientes contaminadas.
Sylvie Briand, diretora de Preparação e Prevenção de Pandemias e Epidemias da OMS, pontuou que, com as informações disponíveis até agora, “o vírus não parece ser capaz de se transmitir facilmente de uma pessoa para outra”, mas destacou que é necessária vigilância para identificar evoluções no vírus.
Outro ponto reforçado pelas organizações da ONU é que a gripe aviária levou à devastação em populações animais, incluindo aves domésticas, aves selvagens e alguns mamíferos.
Também ressaltaram que os surtos prejudicaram os meios de subsistência dos agricultores e o comércio de alimentos, solicitando, assim, que os países trabalhem juntos para “salvar o maior número de animais”.
Aumento de casos da gripe aviária
A linhagem ganso/Guangdong do vírus da gripe aviária H5N1 surgiu pela primeira vez em 1996 e, desde 2020, uma variante causou número de mortes “sem precedentes” em aves selvagens e aves domésticas em muitos países da África, Ásia e Europa.
Em 2021, o vírus se espalhou para a América do Norte e, em 2022, para a América Central e do Sul.
Em 2022, 67 países em cinco continentes relataram surtos de gripe aviária, que causaram a morte de mais de 131 milhões de aves domésticas — pela doença ou abatimento.
Em 2023, ao menos 14 países relataram surtos, principalmente nas Américas. No Brasil, o total de casos subiu para 63, conforme informou o Ministério da Agricultura nesta quarta-feira (12).
Medidas necessárias
As organizações da ONU advertiram que a gripe aviária deve ser combatida “na fonte”, com “medidas de biossegurança aprimoradas nas fazendas e nas cadeias de valor das aves, e aplicar boas práticas de higiene”.
“Os membros da WOAH, em consulta com o setor avícola, podem considerar a vacinação de aves como uma ferramenta complementar de controle de doenças com base em vigilância sólida e levando em consideração fatores locais, como cepas de vírus circulantes, avaliação de risco e condições de implementação da vacinação”, diz o órgão da ONU.
Ainda assim, a detecção, comunicação às autoridades a ação rápida contra os surtos é a “primeira linha de defesa”.