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    OMS: A pandemia só terminará em algum local quando terminar em todos

    No Brasil, ministro Marcelo Queiroga estuda rebaixar o estado de emergência sanitária da covid-19 e mudar o status de pandemia para endemia

    Helena VieiraNathalie Hanna AlpacaNathalia Teixeirada CNN , Rio de Janeiro

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou à CNN, nesta terça-feira (15), que a pandemia da Covid-19 está longe de terminar no mundo, apesar da diminuição global de casos e mortes e de muitos países terem afrouxado medidas sanitárias. Segundo a OMS, na última semana, o mundo teve mais de dez milhões de casos e 52 mil mortes por conta da doença.

    No Brasil, o ministro Marcelo Queiroga estuda rebaixar o estado de emergência sanitária da Covid e mudar o status de pandemia para endemia.

    Sobre isso, a Organização informou que não vai comentar, pois os gestores locais são livres para fazer suas próprias políticas sanitárias, mas informou que “a pandemia só terminará em algum local quando terminar em todos”. A OMS decretou pandemia da doença há pouco mais de dois anos.

    A CNN também ouviu especialistas que garantem não ser o momento para discutir uma mudança de emergência sanitária. Segundo eles, alguns fatores precisam ser levados em conta para haver essa atualização, como o momento epidemiológico e a taxa de vacinação.

    Segundo dados do Ministério da Saúde, até o momento, somente 39,78% dos brasileiros maiores de 18 anos tomaram a dose de reforço e nem 80% das pessoas maiores de 5 anos tomaram a segunda (76,60%). Nas últimas 24 horas, foram registrados 52.094 novos casos de Covid-19 e 336 óbitos pela doença no país.

    De acordo com o presidente da Sociedade de Infectologia, Alberto Chebabo, não cabe ao governo definir se o Brasil sairá da pandemia. “Não cabe ao país decidir sobre sair da pandemia. isso é analisado de forma global, de acordo com o momento epidemiológico pelo qual os países estão passando”.

    “É cedo para falar sobre essa mudança, com vários países ainda passando por uma onda com alto número de casos, como é o exemplo da China. Para haver mudança, é necessária uma avaliação de que os números de casos, internações e mortes estejam estáveis por um tempo e que se tenha atingido um percentual de vacinação satisfatório, principalmente das populações vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos”, avalia.

    Segundo o titular da Academia Nacional de Medicina, Celso Ramos Ferreira, para classificar uma doença como endêmica é necessário analisar se todos os estados do Brasil atingiram um cenário epidemiológico favorável. Além disso, reforça que as medidas de flexibilização podem retardar a normalidade.

    “Ainda não conseguimos considerar que passou de pandemia para endemia, pois ainda está estabilizando e diminuindo o número de mortes. Mas isso provavelmente ainda está caindo, pois estamos em processo de vacinação. Acredito que o fim da pandemia está se aproximando. Porém, eu não vejo como decretar isso agora. Essa é uma doença de transmissão respiratória, provavelmente, terá uma maior transmissão no inverno e embora estejam sendo tomadas medidas que eu considero corretas, são medidas que podem retardar mais essa futura normalidade.”

    A gerente da área da saúde da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Carla Albert, ressalta que um rebaixamento da pandemia para endemia pode ser prejudicial para as organizações dos municípios no combate à pandemia.

    “A vacinação tem que ser permanente. O país, como um todo, nunca testou bem. Nunca tivemos uma política de testagem positiva para a covid. Todo o cuidado para além da testagem é necessário. É importante que esse monitoramento seja em conjunto, não apenas nas capitais. Não adianta um município liberar as máscaras, por exemplo, e o município do lado fazer diferente. Você tem que ter governanças da gestão da pandemia. Isoladamente, qualquer decisão que uma determinada cidade implica, se desdobra nas cidades ao lado. Então é necessário que tenha essa parceria”, disse a especialista.

    O ministro da saúde Marcelo Queiroga tem conversado com os poderes brasileiros para discutir a mudança de emergência sanitária no Brasil. Nesta terça-feira (15), ele se reuniu com o presidente do senado, Rodrigo Pacheco, que declarou que “Diante da sinalização, manifestei ao ministro preocupação com a nova onda do vírus, vista nos últimos dias na China, mas me comprometi a levar a discussão aos líderes do Senado”.

    Na semana anterior, Queiroga já havia se reunido com o presidente da Câmara dos deputados, Arthur Lira. O ministro afirmou à CNN que já está agendada para a semana que vem um encontro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, para tratar sobre o tema.

    Nesta terça, o ministro afirmou à CNN que para rebaixar a emergência sanitária, é necessário ter certeza que a pandemia caminha para o seu fim, pois a medida tem impacto regulatório.

    “Não podemos encerrar políticas públicas importantes em função do fim da emergência sanitária de importância nacional. É necessário que façamos uma análise do impacto regulatório para que consigamos voltar à situação anterior à pandemia sem grandes sobressaltos”, afirmou o ministro.

    A CNN procurou o Ministério da Saúde para comentar a fala dos especialistas e a baixa vacinação com a terceira dose no país e aguarda um retorno.

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