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    O que se sabe sobre o primeiro caso de coronavírus no Brasil

    O Ministério da Saúde confirmou, na manhã de quarta-feira (26), o primeiro caso de um brasileiro infectado pelo novo coronavírus (Covid-19): um homem de 61 anos, morador de São Paulo, que recentemente esteve na Itália — um dos países mais atingidos pela doença.

     

    Embora o estado de saúde do paciente seja considerado sem gravidade, a notícia gerou grande temor de que o novo vírus se espalhe rapidamente pelo Brasil.   

     

    Ainda na quarta, o governo de São Paulo anunciou a criação de um centro de contingência para monitorar os casos no Estado. O impacto também foi fortemente sentido na Bolsa, que teve queda recorde de 7% do índice Ibovespa, acompanhando pânico mundial pelo aumento de casos da doença.

     

    Confira, abaixo, o que se sabe sobre a doença até aqui e qual o risco do vírus se espalhar pelas cidades brasileiras:

     

    Há outros casos da doença no Brasil?

     

    Segundo o ministério da Saúde, além da contaminação confirmada de um paciente em São Paulo, há 20 outros casos suspeitos da doença no país, assim espalhados: Paraíba (1), Pernambuco (1), Espiríto Santo (1), Minas Gerais (2), Rio de Janeiro (2) e Santa Catarina (2) e São Paulo (11). 


    Outros 59 casos suspeitos foram descartados no país e o grupo de brasileiros resgatados de Wuhan — cidade chinesa considerada o principal epicentro da doença —, que permaneceu 14 dias confinado em uma quarentena na base aérea de Anápolis (GO), foi liberado após resultados de exames negativos para o vírus.

     

    Quais medidas o Brasil está tomando para que o vírus não se espalhe?

     

    Desde 4 de fevereiro, dias após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar situação de emergência global por conta do novo coronavírus, o governo brasileiro anunciou algumas medidas para preparar o país para uma eventual chegada da doença. No início do mês, o Ministério da Saúde decretou uma situação de emergência de saúde pública de importância nacional.

     

    Por esse grau de alerta, o terceiro em um sistema de três níveis estipulado pelo Ministério, a pasta investiu em ações previas para minimizar os riscos de proliferação da doença, como preparo da rede do SUS para atender a casos suspeitos e ações para garantir o estoque de medicamentos para atendimento sintomático dos pacientes.

     

    Em um cenário de confirmação de 100 casos positivos do novo vírus, o plano prevê o início de uma “fase de mitigação”, com estratégia para reduzir a incidência de pacientes graves e óbitos.

     

    O aumento de casos em países com grande fluxo de pessoas com o Brasil, como a Itália, potencializam o risco de novas contaminações de brasileiros, mas o Ministério da Saúde tenta combater alarmismos.

     

    Após se reunir com outros ministros do governo nesta quarta-feira, o responsável pela pasta da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, anunciou que uma campanha informativa deve ser intensificada nos próximos dias.

     

     

    O clima do Brasil favorece a propagação do vírus?

     

    Os maiores surtos do novo coronavírus até aqui ocorreram no Hemisfério Norte, sobretudo no Leste Asiático (a China concentra a imensa maioria dos casos, seguida de Coreia do Sul e Japão) e mais recentemente na Itália, com aumento de ocorrências na Europa em geral.

     

    O Brasil registrou a primeira infecção na América Latina do Covid-19 e, segundo as próprias autoridades de saúde, é incerto se o clima quente em boa parte do país nessa época do ano pode ter efeitos na propagação do doença.

     

    “Agora é que vamos ver como este vírus vai se comportar em um país tropical, durante o verão. Como vai ser o padrão de comportamento deste vírus, que é novo e pode manter o mesmo padrão de transmissão que apresentou no hemisfério Norte, onde, nesta época, está fazendo frio”, declarou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira.

     

    É arriscado comprar produtos da China?

    Autoridades brasileiras chegaram a recomendar que fossem evitadas viagens para países com grandes surtos da doença, como a China, porém a precaução não se estende para compra de produtos originários do país.

     

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), análises comprovaram que o coronavírus não sobrevive por longos períodos em objetos — o que impossibilitaria a contaminação por postagens internacionais. 

     

    Quais as recomendações para se evitar a contaminação?

    Investigações sobre as formas de transmissão do coronavírus ainda estão em andamento, mas algumas informações sobre o contágio já são conhecidas das autoridades de saúde. A contaminação se dá por gotículas respiratórias e costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas.

     

    Ainda não está claro com que facilidade o Covid-19 se espalha entre as pessoas, mas, de acordo com estudos compartilhadas pelo Ministério da Saúde brasileiro, algumas formas possíveis de se transmitir a doença são por espirros, tosses, contato pessoal próximo (como toque ou aperto de mão) e manuseio de objetos e superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz e olhos. 

     

    A doença tem um período médio de incubação de cinco dias, com intervalos que chegam a até 12 dias — prazo para que os sintomas apareçam após o contato inicial. Os principais cuidados recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) são precauções com a higiene (como sempre lavar as mãos ou utilizar álcool gel) e que se evite aglomerações, procurando manter uma distância de pelo menos 1 metro de pessoas que estejam tossindo ou espirrando.

     

    Mais informações sobre as formas de contágio estão disponíveis nas páginas oficiais do Ministério da Saúde brasileiro e da Organização Mundial da Saúde (em inglês).

     

    As duas entidades também criaram canais especiais para prestar esclarecimentos sobre notícias falsas espalhadas a respeito da doença — desmentindo métodos falsos e perigosos de prevenção que circulam na internet, como a técnica de se espalhar álcool por todo o corpo ou se expor a lâmpadas de radiação ultravioleta (UV) para eliminar contaminações com os vírus.

     

    Notícias falsas sobre o coronavírus são desmentidas aqui pelo Ministério da Saúde brasileiro e nesta página pela OMS.

     

    A doença é considerada mortal?

     

    Segundo levantamento divulgado pelo governo da China em 18 de fevereiro, o índice de mortalidade da doença no país até então era de 2,3% — taxa bem menor que os 10% de casos fatais registrados no ápice do surto de Sars (síndrome respiratória aguda grave), doença que assustou o mundo entre 2002 e 2003.

     

    Na época do levantamento, que analisou mais de 44 mil pacientes na China, 80,9% dos infectados na China tinham um quadro da doença considerado “leve”. Os casos mais preocupantes foram classificados como “severos” (13,8% do total) e “críticos” (4,7%). 

     

    Os índices de letalidade do Covid-19, porém, crescem consideravelmente quando são analisados grupos com idades mais avançadas. A taxa de mortalidade registrada foi de 3,6% entre os infectados que possuem entre 60 a 69 anos; e de 8% para aqueles com idades de 70 a 79 anos. O maior grupo de risco são as pessoas com mais de 80 anos: nesses casos a letalidade foi a 15%.

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