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    O que o fanatismo faz com o cérebro humano? Nova pesquisa traz explicações

    Estudo reuniu 43 torcedores de dois times rivais do Chile e usou ressonância magnética para mapear em exibição de partidas

    Estudo indica as alterações pelas quais o cérebro humano passa quando experimenta o fanatismo
    Estudo indica as alterações pelas quais o cérebro humano passa quando experimenta o fanatismo Pexels

    Flávio Ismerimda CNN

    São Paulo

    Um estudo conduzido por pesquisadores chilenos usou ressonância magnética para desvendar o que acontece com o cérebro humano quando ele experimenta o fanatismo. Na pesquisa, os cientistas mapearam a atividade cerebral de torcedores de futebol considerados fanáticos. Os resultados indicaram que as reações variam conforme os estímulos apresentados às pessoas: se o time ganha, áreas ligadas ao prazer e à satisfação são acionadas; se o time perde, o controle cognitivo do torcedor é reduzido, o que aumenta a chance de comportamentos violentos.

    “Este estudo visa lançar luz sobre os comportamentos e dinâmicas associados à rivalidade extrema, agressão e afiliação social dentro e entre grupos de fanáticos”, disse o principal autor do estudo, Francisco Zamorano Mendieta, professor-associado da Universidad San Sebastián, do Chile.

    Os pesquisadores liderados por Zamorano recrutaram 43 homens voluntários, torcedores de dois times rivais considerados os mais populares do Chile, para um estudo de ressonância magnética funcional. Vinte e dois torciam para uma equipe e 21 para o adversário.

    Antes do começo do estudo, eles precisam responder a perguntas que ajudaram a equipe a determinar seu grau de fanatismo por futebol e se submeteram a avaliações psicológicas.

    Na pesquisa, os voluntários assistiram a um compilado de jogos com 63 gols enquanto tiveram sua atividade cerebral medida por meia de uma ressonância magnética funcional. A técnica escolhida não é invasiva e detecta alterações no fluxo sanguíneo cerebral para detectar quais áreas do órgão são acionadas a partir de quais estímulos.

    Os resultados mostraram que a atividade cerebral estava ligada diretamente ao que os torcedores assistiam. Se seu time tinha sucesso, o cérebro acionava áreas ligadas ao prazer e à satisfação. Se a equipe fracassava, o órgão se prepara para minimizar os impactos da perda, mas também interrompe ligações importantes, o que pode aumentar a chance de um comportamento violento e agressivo em resposta à derrota.

    “Quando perdem, a rede de mentalização pode ser acionada, levando o torcedor a um estado introspectivo. Isso pode atenuar parte da dor da perda. Também observamos inibição do centro cerebral que liga o sistema límbico aos córtices frontais, dificultando o mecanismo que regula o controlo cognitivo e aumentando a probabilidade de cair em comportamento perturbador ou violento”, explicou o pesquisador.

    Para Zamorano, estudos como esse podem ajudar a mapear melhor o comportamento cerebral ligado a atividades com alto grau de fanatismo, como o esporte, a política, a religião, além de questões de etnia e identidade.

    “Compreender a psicologia da identificação e competição de grupo pode lançar luz sobre os processos de tomada de decisão e a dinâmica social, levando a uma compreensão mais completa de como as sociedades funcionam”, defendeu.

    “As pessoas anseiam por conexões sociais, seja através da adesão a um clube de corrida, da participação em um grupo de discussão de livros ou do envolvimento em fóruns virtuais”, disse ele. “Embora estes laços sociais se formem frequentemente em torno de crenças, valores e interesses partilhados, também pode haver um elemento de proselitismo persuasivo, ou ‘pensamento de grupo’, que pode dar origem a crenças irracionais e discórdia social.”

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