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    O que já se sabe sobre a aplicação da terceira dose em toda a população adulta

    Ministério da Saúde quer acelerar e ampliar a vacinação para evitar uma nova onda de Covid-19, como a que atinge a Europa

    Raphael Coraccinida CNN , Em São Paulo

    O Ministério da Saúde anunciou, na terça-feira (16), as diretrizes para imunização de toda a população adulta com a terceira dose das vacinas contra a Covid-19. A ideia é acelerar e ampliar a vacinação no país e evitar uma nova onda de Covid-19, como a que tem atingido a Europa.

    Para isso, a pasta reduziu de seis para cinco meses o intervalo para quem completou as duas doses e precisa se vacinar com a dose de reforço. Quem tomou a segunda dose da vacina em julho de 2021, por exemplo, estará apto a receber a terceira dose já em dezembro.

    Além disso, a nova orientação é que, todas as pessoas acima de 18 anos, independentemente da vacina recebida antes, precisarão de uma terceira dose. Mesmo quem tomou a Janssen, que até aqui tem sido apontado como o imunizante de dose única, precisará receber três doses para completar o esquema vacinal.

    A vacinação com terceira aplicação começou no dia 6 de setembro, mas esteve restrita a pessoas idosas ou imunossuprimidas, além de profissionais da área da saúde.

    Até a terça-feira, 10,7 milhões de brasileiros tinham recebido a dose extra. Com as novas determinações, o Ministério da Saúde espera receber outras 12,4 milhões de pessoas para aplicação da terceira dose ainda em novembro.

    A CNN explica  a necessidade e a eficiência da dose de reforço, inclusive, como fica a combinação de vacinas, que será estimulada pelo Ministério da Saúde na aplicação da terceira dose para aumentar a imunidade dos vacinados.

    Queda na imunidade

    Em entrevista à CNN, o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha, afirmou que a proteção das vacinas contra a Covid-19 diminui com o passar do tempo, independentemente da plataforma, o que confirma a necessidade da dose de reforço em todos os casos.

    A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) também reconheceu que há uma redução dos anticorpos e que, por isso, é necessária uma terceira dose para toda a população apta à vacinação.

    “Os dados disponíveis até aqui sugerem diminuição da imunidade em algumas populações, ainda que totalmente vacinadas. A disponibilidade de doses de reforço é um mecanismo importante para assegurar a proteção contínua contra a doença”, disse a agência em comunicado.

    “Reforço com vacina diferente é seguro”

    A aplicação de doses de reforço com vacinas distintas é segura e eficiente, e tem mostrado resultados satisfatórios em estudos feitos pelo mundo, disse o infectologista Álvaro da Costa, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

    Para Costa, a estratégia do Ministério da Saúde de reduzir o tempo necessário para tomar a dose extra e aumentar o número de pessoas aptas é importante para garantir os bons indicadores de imunização.

    “É uma estimulação do sistema imunológico [a dose de reforço], para que aquele nível de resposta que caiu volte para um nível alto”, afirmou Costa à CNN.

    Padronização do tempo necessário para o reforço

    O diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, também aprovou as novas diretrizes do ministério e disse, em entrevista à CNN Rádio, que o intervalo definido como cinco meses para todas as idades é bastante adequado porque, além de garantir maior proteção a todas as faixas etárias entre os adultos, “facilita a logística de aplicação”.

    O diretor da SBIm disse ainda que o Brasil está em vantagem diante da situação da Europa, que vive aumento de casos de Covid-19, e que é preciso continuar vacinando para evitar o recrudescimento da pandemia, mesmo num cenário de baixa circulação do vírus.

    “Aqui, temos um tempo da vacinação recente, que nos protege da onda iminente, tivemos intervalos maiores das doses da AstraZeneca e Pfizer, o que parece garantir proteção mais longeva”, disse Kfouri.

    Janssen terá segunda e terceira doses

    Os mais de 5 milhões de brasileiros imunizados com a Janssen, que até recentemente era considerada de dose única, também precisarão se vacinar com a dose de reforço. O Ministério da Saúde seguiu a decisão da Food And Drugs Administration (FDA), agência reguladora dos Estados Unidos, e passou a recomendar, desde a última terça-feira (16), que a segunda dose passe a ser aplicada dois meses depois da primeira.

    O imunizante chegou ao Brasil em junho e, portanto, parte dos que receberam a primeira dose estariam aptos a receber a segunda, mas ainda é preciso esperar que o governo disponibilize as doses. A promessa é de que o Ministério da Saúde receba 36 milhões de doses da Janssen até dezembro para viabilizar a segunda dose.

    A aplicação de uma terceira dose, de reforço, será realizada cinco meses depois da aplicação da segunda dose, assim como os outros imunizantes. Porém, segundo o ministério, o reforço será feito com imunizantes da Pfizer.

    Apesar do anúncio do Ministério da Saúde, a Anvisa não recebeu estudos que indiquem a necessidade da dose de reforço e a Janssen não foi avisada formalmente de que o Brasil demandará imunizantes para uma terceira aplicação.

    Imunização cruzada

    O Ministério da Saúde decidiu optar pela imunização cruzada, o que significa que, haverá uma combinação de plataformas diferentes de vacinas entre a primeira e a terceira dose.

    A estratégia pode aumentar a proteção, é o que defende o infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas Jamal Suleiman.

    “Os dados têm mostrado que, a intercambialidade das vacinas como dose de reforço ajuda a proteger pessoas por um intervalo de tempo maior”, disse Suleiman à CNN.

    Para o especialista, quando todos tiverem tomado o reforço, a expectativa é que haja um prazo maior para uma quarta dose, que seria, na verdade, o recomeço da campanha de vacinação.

    Assim como a vacinação contra Influenza, a imunização contra a Covid-19 deve ter continuidade ao longo dos próximos anos.

    Como deve ficar o esquema vacinal com a imunização cruzada

    O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou, durante o anúncio da aceleração do programa vacinal, que a tendência é que a maioria das pessoas receba a vacina da Pfizer na terceira dose por que a maior parte dos brasileiros recebeu a AstraZeneca nas fases anteriores, que é de tecnologia diferente da empregada pela Pfizer.

    “No caso de um eventual desabastecimento da vacina da Pfizer, o que não deve acontecer, poderemos utilizar uma outra plataforma vacinal, de preferência, de um tipo diferente do que foi usado na vacinação primária”, disse o ministro.

    Veja como fica o esquema vacinal conforme as doses anteriores:

    • Quem tomou duas doses de Coronavac deve receber Janssen, AstraZeneza ou Pfizer
    • Quem tomou duas doses da AstraZeneca recebe Pfizer, visto que a Janssen é de plataforma semelhante a desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
    • Quem tomou duas doses da Pfizer deve receber a AstraZeneca como reforço
    • Quem tomou uma dose da Janssen tomará a segunda da Janssen assim que estiver disponível, respeitando o prazo mínimo de dois meses, e aguardar pelo reforço da Pfizer

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    Estados que já estão aplicando dose de reforço

    De acordo com levantamento realizado pela CNN Brasil, dois estados brasileiros já aderiram é orientação do Ministério da Saúde de reduzir o tempo para aplicação do reforço para cinco meses e ampliar para toda a população com mais de 18 anos: Mato Grosso do Sul e Maranhão.

    Em São Paulo, precisamente na capital, a secretaria informa que, a aplicação das doses de reforço para maiores de 18 anos será iniciada na próxima quinta-feira (18) para a população que recebeu a segunda dose há cinco meses.

    Piauí e Goiás vão aderir às novas regras respectivamente nos dias 22 e 18 de novembro.

    O Pará aparece como único estado que aumentou a faixa etária convocada para o recebimento da terceira dose, porém ainda não aplica a diminuição do intervalo.

    Pernambuco, Amazonas, Rio Grande do Norte e Paraíba anunciaram apenas a diminuição do intervalo entre a segunda e terceira dose.

    Os outros 15 estados, além do Distrito Federal, aguardam o recebimento de novas doses do Ministério da Saúde ou deliberações específicas para firmar posição sobre quando aplicarão a terceira dose a todos os adultos.

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