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    O que é o equinócio de primavera e como a estação afeta a sua saúde

    Médicos consultados pela CNN explicam como cuidar da saúde, inclusive da pele, nesta época do ano

    Início da floração das cerejeiras no Parque do Carmo, zona Leste de São Paulo
    Início da floração das cerejeiras no Parque do Carmo, zona Leste de São Paulo Rovena Rosa/Agência Brasil

    Camila NeumamLucas Rochada CNN

    São Paulo

    O equinócio de primavera terá início nesta quarta-feira (22), às 16h21, no Hemisfério Sul. Com ele chegam os campos mais floridos, mas também a intensificação de alergias respiratórias, devido ao clima mais seco e à polinização das flores.

    Este ano, especificamente, as alterações climáticas provocadas pelo fenômeno La Niña podem ocasionar ainda mais frio e secura e aumentar o risco das alergias do trato respiratório. Por isso, a CNN consultou médicos que deram orientações sobre como cuidar da saúde, inclusive da pele, nesta época do ano.

    Entenda o que implica as mudanças de estação e como proteger a saúde nesta época do ano.

    O que é o equinócio de primavera?

    O equinócio da primavera determina astronomicamente a posição exata do planeta, na volta em torno do sol, em que o dia e a noite apresentam a mesma duração de luminosidade de 12 horas cada. Este é o segundo equinócio do ano. O primeiro foi no início do outono, em março.

    Com o avanço da estação, gradativamente os dias passam a ter mais tempo do que as noites, o que se intensifica com a chegada do verão prevista para as 12h59 de 21 de dezembro.

    “Para compreender o início das estações, é preciso imaginar a Terra parada e o Sol se movendo em relação a nós. Nessa perspectiva, o Sol percorre um caminho, que se chama eclíptica, e o instante do equinócio de setembro é aquele em que o Sol cruza o equador celeste, que é a extensão do equador terrestre, indo de norte para sul”, explica a pesquisadora Josina Nascimento, da Coordenação de Astronomia e Astrofísica do Observatório Nacional.

    “No Hemisfério Sul é o equinócio de primavera, e no hemisfério norte é o equinócio de outono”, completa a pesquisadora.

    Clima seco e chuvas irregulares

    Em anos normais, a primavera é uma estação de diminuição da chuva sobre o centro-norte da região Norte do Brasil. É a época de pouca chuva em Roraima, no Amapá, no norte do Pará e do Amazonas. Por outro lado, a chuva aumenta na parte sul da região Norte, em áreas como Tocantins, no Acre e em Rondônia, segundo a Climatempo.

    Mas, neste ano, a expectativa é de que a primavera traga chuvas irregulares e impactos do fenômeno La Niña, como uma temporada mais seca e fria na região Sul e o aumento de chuvas no Nordeste, segundo o serviço de meteorologia.

    Embora o Brasil não tenha as quatro estações do ano bem definidas como ocorre em países de clima temperado, que experimentam verões de calor intenso e invernos rigorosos com direito a neve, especialistas consultados pela CNN afirmam que a troca de estações pode trazer impactos para o organismo, sobretudo doenças respiratórias como rinite e a conjuntivite sazonal, entre outras.

    Alergias respiratórias

    As alergias mais comuns na primavera são a rinite, faringite, laringite, bronquite e asma.

    A rinite é caracterizada por crises de espirro, coceira, entupimento nasal e conjuntivite. Na faringite e na laringite surgem secreção e dor de garganta, além da sensação de garganta arranhando, o pigarro e a rouquidão. A asma e a bronquite evoluem com tosse, chiado no peito e falta de ar, explica o otorrinolaringologista Jamal Azzam.

    A reação alérgica ocorre como uma resposta imediata do sistema respiratório às mudanças de temperatura e ao contato com os fatores que causam alergia, explica Azzam.

    “O sistema respiratório é muito sensível e rapidamente reativo aos estímulos negativos. Quando a umidade do ar está muito baixa, temos sintomas no mesmo dia: ressecamento das mucosas, sangramento nasal, formação de crosta, desenvolvimento de doenças respiratórias como gripe e resfriados e desencadear as crises alérgicas.”

    Alguns fatores externos e a predisposição física aumentam os riscos de crises alérgicas, segundo o otorrinolaringologista.

    “Há um grupo de pessoas com maior risco de desenvolver alergias, que estão em ambiente alergênico, como em casas úmidas, que trabalham com o ar-condicionado, em ambientes poluídos e aquelas já com predisposição, com desvio de septo, com pólipos nasais, sinusite crônica”, ressalta.

    Segundo a otorrinolaringologista Maura Neves, da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, as mudanças bruscas de temperatura típicas da primavera – com clima quente e frio no mesmo dia ou semana — aliadas à maior polinização também podem acarretar mais crises de rinite alérgica em crianças e adultos.

    “A primavera é a estação que tem mais polinização durante o ano, e não só de flores, mas de gramíneas, que são alérgenos respiratórios com potencial de causar rinite alérgica. Soma-se a isso os alérgenos já presentes no ambiente residencial, como poeira, fungos e ácaros, que trazem uma exposição maior”, comenta Maura Neves.

    Conjuntivite sazonal

    Na primavera ocorre também o aumento de casos de conjuntivite alérgica sazonal, causada por sensibilização do indivíduo ao pólen suspenso no ar, explica a oftalmologista Cláudia Del Claro, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).

    “A conjuntivite alérgica sazonal corresponde de 50 a 80% dos casos mundiais. Aqui no Brasil não temos estes números tão grandes de alergia relacionada com a polinização, mas nesta época do ano, com a primavera, notamos aumento destes casos”, afirma a oftalmologista.

    De uma maneira geral, a alergia ocular é causada pelo contato com poeira, pólen, pelo de animal e fumaça. Outros agentes causadores são as lentes de contato, maquiagem e a cola das extensões de cílios, mas a conjuntivite também tende a acometer pessoas que já sofrem com sintomas respiratórios, segundo a médica.

    “Pacientes com asma, rinite e outras alergias na pele apresentam maior incidência de algum tipo de alergia ocular”, observa.

    Como prevenir as crises e tratá-las

    Adotar alguns hábitos podem fazer diferença para evitar as crises alérgicas, segundo os especialistas consultados. Se agasalhar em dias mais frios e reforçar a imunidade nesta época ajuda a evitar que as alergias prosperem.

    “É bem importante tomar bastante água e lavar o nariz com solução salina, que servem como prevenção da crise de rinite e para doenças infecciosas”, diz Maura Neves.

    Para Jamal Azzam, procurar um médico antes de uma nova crise é essencial para manter a qualidade de vida neste período. “O  importante é o tratamento fora das crises alérgicas, porque existem medicamentos e procedimentos, como sprays nasais que evitam novas crises e, com isso se faz um diagnóstico mais preciso para garantir o bem-estar da pessoa”, frisa.

    Caso contrário, será necessário partir para o tratamento medicamentoso com antialérgicos via oral, corticoides ou antibióticos, a depender da intensidade da crise, explica Azzam.

    Veja outras formas de reforçar a saúde na primavera.

    • Dê preferência a alimentos frescos e in natura, pois eles reforçam a imunidade
    • Evite alimentos ultraprocessados e embutidos, que debilitam o sistema imune
    • Beba bastante água, pois o hábito ajuda no trato respiratório
    • Lave o nariz com solução salina todos os dias, para evitar entupimento das vias áreas
    • Acompanhe a previsão do tempo e use roupas de acordo com o clima, para que o sistema respiratório não desenvolva reações e as crises

    Cuidados com a pele

    A médica dermatologista Renata Janones, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), alerta que na primavera há um aumento da incidência de raios ultravioleta, o que é motivo para redobrar os cuidados com a pele.

    “As pessoas devem usar filtro solar de maneira adequada, diariamente, mesmo em dias que estão nublados. Até mesmo para que se crie um hábito. O uso pode ser feito duas vezes ao dia, pela manhã e por volta da hora do almoço”, orienta.

    Segundo a especialista, o tempo seco e a baixa umidade relativa do ar também favorecem os danos à pele. Para evitar o ressecamento, podem ser utilizados hidratantes antioxidantes em combinação com o protetor solar.

    “É muito importante estar bem hidratado e cuidar do que a gente come, priorizar alimentos naturais e nutritivos e variedades, evitar alimentos processados e industrializados”, acrescenta.