O que a cafeína faz no corpo? Veja os benefícios e efeitos colaterais
Especialistas explicam como o café atua no sistema nervoso central e alertam para os riscos do consumo em excesso
O café faz parte da rotina de muitos brasileiros e é considerado uma paixão nacional. Há quem não consiga ficar sem uma xícara da bebida ao acordar ou logo após o almoço. Afinal, a bebida é um verdadeiro estimulante e, quando consumida com moderação, traz diversos benefícios. Mas como a cafeína age no organismo?
De acordo com especialistas ouvidas pela CNN, a cafeína tem o potencial de estimular a atividade cerebral, atuando diretamente no sistema nervoso central. “Ela funciona como bloqueador da ação de um neurotransmissor chamado adenosina, o que faz com que você se sinta mais alerta e menos sonolento”, explica a nutricionista Ramiele Calmon, mestre em segurança alimentar.
A adenosina é o neurotransmissor responsável por promover o sono e o relaxamento. Por isso, ao bloquear sua ação, a cafeína nos ajuda a ficarmos mais despertos e energizados. Além disso, a bebida também atua na liberação de outros neurotransmissores estimulantes, como é o caso da adrenalina e da dopamina.
“Um dos benefícios mais comuns da cafeína é nos deixar mais alertas e estimular a nossa atenção ao que está ao redor, além de combater o cansaço físico”, afirma Vanessa Costa, nutricionista especializada na saúde da mulher e criadora do Método Reset.
Principais benefícios do café
“Os benefícios da cafeína podem estar ligados ao aumento de alerta mental. Então, por exemplo, em indivíduos que precisam ficar vigilantes, ela vai melhorar a concentração, a vigilância e a capacidade de resposta”, afirma Calmon.
Mas, além de estimular a atividade cerebral e ser responsável por nos dar mais energia, o café possui outros benefícios interessantes para a saúde e que já foram demonstrados em estudos.
Um deles é que o café pode ser uma boa fonte de energia para o pré-treino, melhorando o desempenho físico em diversas atividades. É o que aponta a Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva, em posicionamento publicado em 2021. Segundo a entidade, a ingestão de cafeína antes do exercício físico pode aumentar a resistência muscular, a velocidade de movimento e força muscular, além de oferecer maior resistência aeróbica.
Outro benefício observado na cafeína é a sua ação termogênica, o que pode ser interessante para acelerar o metabolismo e auxiliar na queima de gordura, contribuindo para o emagrecimento. Um estudo publicado na revista Scientific Reports, em 2019, mostrou que uma xícara de café pode ajudar na perda de peso.
Além disso, a ingestão de cafeína pode melhorar a habilidade de raciocínio e combater o declínio cognitivo associado ao avanço da idade, conforme explica Costa. Esse benefício foi observado em uma revisão de estudos publicada no Proceedings of National Academy Sciences (PNAS).
Segundo a revisão, os benefícios do café ao cérebro acontecem com o consumo de doses moderadas, entre 100 e 400 miligramas de café por dia, o que equivale de 1 a 5 xícaras.
Para somar, o consumo moderado de café (duas a três xícaras por dia) foi associado a um risco 10% a 15% menor de contrair doenças cardíacas, como insuficiência cardíaca e problemas de ritmo cardíaco, de acordo com três resumos de pesquisa publicados em 2022.
Café em excesso traz efeitos colaterais
Apesar de seus benefícios, o consumo em excesso de café pode trazer efeitos colaterais, conforme apontam as especialistas. “O excesso de cafeína pode aumentar a ansiedade e a sensação de nervosismo, além de poder gerar um aumento da compulsão alimentar por liberar adrenalina, sinalizando que o corpo precisa de energia”, explica Calmon.
Além disso, beber muito café pode atrapalhar prejudicar a qualidade do sono. “A cafeína permanece no organismo por horas após sua ingestão, sendo capaz de provocar insônia“, complementa Costa.
Em pessoas sensíveis à cafeína ou que têm baixa metabolização da substância, o café pode ocasionar, ainda, dor de cabeça, azia, desconforto abdominal e náuseas, além de elevar a frequência cardíaca, aumentar a pressão arterial e ocasionar tremores nas mãos.
“Isso acontece porque a cafeína bloqueia a adenosina, que é o neurotransmissor do relaxamento, podendo acelerar a frequência cardíaca e sendo comumente associada a sensação de ansiedade, taquicardia e, em casos mais graves, depressão”, completa a nutricionista.
Em casos raros, o excesso de café pode levar à overdose de cafeína. Essa condição ocorre quando uma pessoa tem níveis perigosamente altos de cafeína no sistema, podendo levar a sintomas graves como dificuldade para respirar e convulsões.
Como consumir café com moderação? Veja as dicas
Para a FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora dos EUA, o limite saudável de café é de 400 mg de cafeína por dia, o que equivale a quatro ou cinco xícaras de café.
Além disso, a nutricionista Ramiele Calmon recomenda evitar o consumo de café após às 14 horas, para prevenir que a cafeína atrapalhe o sono à noite.
As especialistas também recomendam tomar cuidado com o consumo de outras bebidas que contenham cafeína, além do café. É o caso do chá preto e o chá verde, que possuem efeito estimulante. Assim como o café, seu consumo traz benefícios, desde que seja feito com moderação.
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