‘Não conheço país discutindo assinatura de termo’, diz vice-diretora da OMS
Mariângela Simão comentou proposta levantada pelo presidente Jair Bolsonaro de cidadão assinar termo de responsabilidade para tomar vacina contra a Covid-19
Os países podem decidir quais imunizantes contra a Covid-19 são seguros, mas nenhum tem pensado em fazer a população assinar um termo de responsabilidade individual, como propôs o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou a vice-diretora geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mariângela Simão, em entrevista à CNN nesta terça-feira (15).
“Não conheço nenhum país que esteja discutindo assinatura de termo de responsabilidade individual. Não vi nenhum. Mas tem duas coisas que são importantes para a vacina conseguir entrar num país: uma é o registro pela autoridade sanitária, e a segunda é que os contratos tenham bem claro de quem é a responsabilidade se acontecer algum problema. Não é esse o processo que se têm visto em outros países. É o termo de responsabilidade de indenização e de qualquer problema que os governos têm que assumir quando estão entrando com uma vacina para uso sob autorização emergencial”, disse.
“A OMS faz um processo de avaliação global de determinadas vacinas, temos cerca de dez produtores submetendo os documentos. A vantagem de ter autorização emergencial pela OMS é que grande parte dos países não tem uma agência reguladora forte como a Anvisa e utilizam a avaliação da OMS para validar o uso no país. O país tem autonomia e adapta de acordo com sua situação epidemiológica”, explica.
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Ela ainda pede paciência a quem acha que o novo coronavírus será vencido em breve. “É extremamente importante que haja compreensão da população de que não tem vacina ano que vem em nenhum país para vacinar todo mundo, e tem que priorizar alguns grupos populacionais. Dizer quando vai começar e acabar (a vacinação), é uma pergunta impossível no momento, precisa ter a autorização da autoridade regulatória local e a disponibilidade da vacina, o que não está garantido globalmente”.
Mariângela crê que o país está bem posicionado. “O Brasil está fazendo o que é certo, tem a possibilidade de transferência de tecnologia da AstraZeneca para Fiocruz, da vacina da Sinovac para o Instituto Butantan, isso dá uma segurança para o Brasil de que em março, abril, maio possa ter um plano de imunização em prática que ajude a controlar a pandemia”.
(Publicado por: André Rigue)