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    Nota técnica não deveria ter sido emitida para a população, diz professor da USP

    Carlos Carvalho afirmou, em entrevista à CNN, que grupo de pesquisadores pediu revisão da nota sobre cloroquina ao ministério da Saúde e secretaria responsável

    Ester Cassaviada CNN*Tiago Tortellada CNN

    Em entrevista à CNN nesta sexta-feira (4), Carlos Carvalho, professor de Pneumologia da Faculdade de Medicina da USP, disse que a nota técnica da secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde que referendava medicamentos ineficazes no tratamento contra a Covid-19 e nega a eficácia das vacinas causa confusão, desinformação e não deveria ter sido emitida para a população.

    Carvalho informou que os professores e pesquisadores que enviaram as diretrizes aprovadas pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde (Conitec) – e rejeitadas pelo secretário Hélio Angotti – entraram com um pedido à secretaria e outras áreas do ministério da Saúde para a revisão da nota técnica.

    O documento tem 101 páginas, que rabatem “ponto a ponto a nota técnica do secretário Angotti”, disse o professor, que também coordenou o grupo de estudos que montou as diretrizes enviadas à Conitec.

    Na nota técnica, divulgada inicialmente em 21 de janeiro deste ano, o órgão do ministério dizia que a hidroxicloroquina tem efetividade em estudos controlados e randomizados, e que existiria a demonstração de segurança em estudos experimentais e observacionais. Ainda na tabela no documento, constava a informação que as vacinas não atendem a esses requisitos.

    Carvalho explicou que o grupo de especialistas foi convidado pelo ministério para elaborar diretrizes de combate à Covid-19. Após meses de estudo, constataram que medicamentos como a hidroxicloroquina e a ivermectina não são eficazes.

    Eles enviaram, então, o que foi elaborado para a Conitec, órgão responsável pela avaliação. Aprovadas, seguiram para o secretário Angotti, que, segundo o coordenador, rejeitou as recomendações e elaborou a nota técnica.

    “Ele deveria atualizar a tabela com os dados do momento, deixando claro para a população e médicos que aquilo que estava na tabela anterior não se aplica agora”, disse. “Se ele usou dados antigos, gerou mais confusão. Ele trouxe falsa sensação de segurança para quem toma esses medicamentos e falsa sensação de insegurança e perigo para quem toma vacina”, complementou durante a entrevista.

    A tabela em questão foi retirada na publicação de uma nova nota técnica, que fundamentou a decisão do Ministério da Saúde de não aprovação de diretrizes elaboradas pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) que contraindicam o uso do chamado “Kit Covid” no tratamento da doença, justamente pela ineficácia apresentada.

    Nesta quinta-feira (3), Angotti afirmou ao STF que a nota considerou resultados interinos sobre vacinas “resultados de publicações interinas em termos de eficácia e segurança”, que seriam os únicos disponíveis na época de elaboração da nota.

    Também na quinta, o Ministério Público Federal (MPF) pediu a suspensão da nota técnica e portaria que contestaram as vacinas. O Ministério da Saúde informou que vai se manifestar dentro do prazo estabelecido.

    *sob supervisão de Ludmila Candal

    *com informações de Rodrigo Vasconcelos, da CNN