Nelson Teich: Aumento no número de mortes não muda política contra COVID-19
Ministro da Saúde disse que o número de mortes por dia pode mais do que dobrar e chegar ao patamar de 1.000 óbitos por dia no país
O ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou nesta quinta-feira (30) que o número de mortes não será o critério para que a pasta defina as políticas adotadas no combate à COVID-19. Ele disse que “ninguém está pensando em relaxar o isolamento, estamos criando uma diretriz”.
O ministro fez essa afirmação após ser novamente questionado a respeito do distanciamento social, uma vez que a defesa pública do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é pela flexibilização. Ele argumentou que o ministério não está propondo isso, mas sim uma orientação para os estados e municípios que desejarem adotar a medida.
“O número de mortes adicional é muito triste, mas não é porque eu tenho essa alteração no número de mortes que a política vai mudar”, disse. “Neste momento, ninguém está pensando em flexibilizar nada. Só estamos criando um projeto e uma diretriz”.
Nesta quinta, o Ministério da Saúde informou que o Brasil chegou a 85.380 casos confirmados do novo coronavírus, sendo 7.218 casos registrados apenas nas últimas 24 horas. Com a nova marca, o país tem mais diagnósticos da COVID-19 que a China, epicentro da atual pandemia. Foram confirmadas 435 mortes em todo o país, elevando o total de vítimas fatais para 5.901.
Questionado sobre um estudo do Imperial College London, que disse que o Brasil tem a maior taxa de contágio da COVID-19 no mundo, o ministro admitiu a estimativa dos pesquisadores britânicos, de que o país pode ter um patamar de 1.000 novas mortes registradas todos os dias.
“A gente está hoje perto de 500 mortes, 435. O número de 1.000, se a gente estiver em um crescimento significativo, é um número que é possível acontecer. Isso não quer dizer que vai acontecer. A gente tem que acompanhar o que está acontecendo todo os dias para tomar as decisões”, disse.
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Diretriz
Nelson Teich diz que o governo vai manter a posição que vem divulgando nos últimos dias, de estabelecer uma diretriz em relação a casos e capacidade do sistema de saúde, para que estados e municípios decidam sobre flexibilizar as medidas adotadas. O ministro diz que essa diretriz, prevista para ser anunciada desde o início da sua gestão na pasta, está pronta, faltando apenas “ver como vai veicular”.
O ministro da Saúde reiterou que, independentemente de quais serão as orientações, a decisão caberá a governadores e prefeitos, dizendo que estes já estão tomando as medidas independentemente das posições do governo federal.
Apesar de não divulgar ainda as métricas concretas, Nelson Teich disse que o ministério “está à disposição” de executivos locais que queiram ajuda para definir as políticas que vão adotar em suas regiões.
Teich voltou a reforçar que está se concentrando em trabalho de logística para expandir a compra e distribuição de respiradores, leitos de UTI e testes. O ministro afirmou que vai se concentrar em pontos críticos, em especial a cidade de Manaus (AM).