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    “Não podemos repetir a estigmatização”, diz médico ao comparar HIV com varíola dos macacos

    Brasil registrou primeira morte relacionada à monkeypox nesta sexta-feira (29)

    Anna Gabriela CostaLudmila Candalda CNN

    em São Paulo

    O Brasil registrou nesta sexta-feira (29) a primeira morte por varíola dos macacos e o país já soma mais de 1.000 casos da doença. De acordo com o médico infectologista e diretor da Sociedade Brasileira Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, a maioria dos casos vem ocorrendo em homens que fazem sexo com homens, terminologia também conhecida como HSH.

    Entretanto, em entrevista à CNN, o especialista fez um alerta para que a doença não seja estigmatizada de forma preconceituosa, como aconteceu no passado com o HIV, por desinformação sobre a transmissão da doença.

    “A grande maioria dos casos ainda tem sido, por enquanto, em homens que fazem sexo com homens; jovens, sexo masculino. Não é que a doença é sexualmente transmissível, mas ela transmite de pele a pele, no geral, na região genital, onde há um contato mais íntimo e mais próximo”, disse o infectologista.

    “Já vivemos o estigma muito grande com o HIV, quando a Aids foi chamada de câncer dos gays, aquela coisa horrorosa que a gente viveu no passado. E a gente não pode repetir essa estigmatização com essa doença novamente”, acrescentou o médico.

    Para o especialista, é preciso ter mensagens claras e corretas para a população LGBTQI+. Ele reitera que lesões de pele em genitais têm que ser investigadas. “Pode ser sífilis, pode ser varíola dos macacos, mas, até que se prove o contrário, [deve-se] evitar contatos mais íntimos e procurar uma assistência médica”.

    Casos em crescimento

    Na quinta-feira (28), o Ministério da Saúde passou a usar o termo “surto” ao divulgar informações relativas aos casos de varíola dos macacos no Brasil. O surto é o primeiro estágio de uma escala de evolução do contágio, que pode se transformar em epidemia, endemia e pandemia.

    O boletim divulgado pelo Ministério da Saúde na quinta-feira mostrava que o Brasil já tinha registrado 1.066 casos da doença.

    Para o infectologista Ricardo Kfouri, a tendência é de que haja uma progressão da doença, que se espalha de forma muito rápida, conforme ele explica.

    “A tendência é que tenha uma progressão muito grande da doença. O estado de São Paulo já tem confirmado mais de 500 casos. São muitos casos e a transmissão está se dando de forma muito rápida”, disse.

    Apesar de, como citado anteriormente pelo especialista, a maioria dos casos ser em homens atualmente, a transmissão tende a ocorrer em demais indivíduos.

    “Não há necessidade da penetração para que haja a transmissão, você transmite das lesões da pele em contato. Começa assim, mas a transmissão acaba se dando do indivíduo para o familiar, o filho, a mulher que tem relação, e a transmissão acaba sendo exponencial”, explica.