Não é hora de marcar eventos, mas de organizar aulas presenciais, diz médico
Em entrevista à CNN na manhã deste sábado, o epidemiologista Paulo Lotufo afirma que "a nossa prioridade de hoje são as voltas às aulas seguras"
Para o médico epidemiologista Paulo Lotufo, não é hora de governos e prefeituras do Brasil pensarem em eventos como Carnaval e Ano Novo, mas sim em focarem na volta às aulas de forma mais segura para os alunos de escola pública.
Em entrevista à CNN na manhã deste sábado (7), o médico da Universidade de São Paulo (USP) afirma que “a nossa prioridade de hoje são as voltas às aulas seguras”.
“Se prefeitos e governadores marcarem shows, isso não funcionará. Tenham cautela, segurem o máximo possível as medidas que vocês consideram não ser mais necessárias, porque elas ainda são. Aproveitem o momento para focar no ambiente escolar. Essa é a nossa prioridade hoje, que as aulas sejam presenciais e seguras. Em vez de programar shows, foque no ambiente escolar”, diz Lotufo.
Segundo ele, marcar eventos como o Carnaval e festas de réveillon sinaliza para a população que “a pandemia já se foi”, mas, na realidade, não é bem assim. “Os governantes precisam ter um senso estadista. Na parte do entretenimento estão todos do mesmo lado, mas, no setor educacional, você tem contradições que precisam ser azeitadas, organizadas, e isso só pode ser feito com governadores com um espírito muito grande”, explica.
Novas variantes
Para Lotufo, nenhum governo no mundo lidou bem com o surgimento de novas variantes da Covid-19, como a Delta, comprovadamente mais transmissível do que as demais.
“A situação em que estamos vivendo é fruto da falta de governabilidade mundial desde o início. Ainda não sabemos se a Delta pode ser mais grave, mas que ela é mais transmissível, isso é verdade”, diz.
Movimento anti-vacina
Lotufo enxerga diferenças grandes entre a falta de vacinação nos Estados Unidos e no Brasil. Enquanto, por lá, muitas pessoas optam por não se vacinar por conta do movimento anti-vacina, no Brasil um dos principais motivos é a falta de acessibilidade.
“Vemos pessoas nas periferias que precisam trabalhar todos os dias nos horários em que as vacinas estão sendo aplicadas, e, como ela não é dada aos domingos, isso dificulta”, diz.