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    Música atrapalha ou ajuda no rendimento esportivo? Entenda

    Muitas pessoas costumam praticar exercícios físicos e esportes enquanto ouvem música, mas a prática pode ser tanto benéfica, quanto prejudicial

    Gabriela Maraccinida CNN

    Ao entrar em uma academia de musculação ou frequentar um parque, é possível encontrar diversas pessoas fazendo seus exercícios enquanto ouvem música no fone de ouvido. Mas será que isso oferece algum benefício para o rendimento esportivo?

    Segundo o treinador Marcelo Raffani, ouvir música durante os exercícios físicos pode tanto ajudar quanto atrapalhar o rendimento no treino. De acordo com o especialista, existem vários fatores que interferem nesse desempenho.

    Quando a música pode ajudar?

    “Música animada ou com ritmo acelerado pode aumentar a motivação e ajudar a manter o ritmo durante o treino, distraindo a pessoa da fadiga e do desconforto físico”, afirma. “Já músicas com ritmo constante podem ajudar a manter o ritmo de corrida ou exercício uniforme, melhorando a eficiência do treino”, completa.

    Além disso, Raffani explica que músicas com batida rápida podem aumentar a intensidade do treino, ajudando as pessoas a correrem mais rápido ou a levantarem mais peso. “É uma espécie de doping sonoro”, afirma.

    O pesquisador Costas Karageorghis, autor do livro “Applying Music in Exercise and Sport” (“Aplicando Música no Exercício e Esporte”, em tradução livre do inglês), passou 25 anos estudando música e o seu efeito no cérebro. Em sua pesquisa, ele mostrou que a música pode melhorar o humor, o controle muscular e ajudar o cérebro a construir memórias musculares importantes.

    Segundo Karageorghis, ouvir música ativa diferentes áreas do cérebro, como o lobo parietal, que contém o córtex motor; o lobo occipital, ou lobo de processamento visual, responsável pelo ritmo e coordenação; o lobo temporal, onde é liberado o hormônio do estresse (cortisol); e o lobo frontal e cerebelo, que regula as emoções. Todas essas áreas são importantes para o desempenho atlético.

    Outro estudo, publicado na revista Frontiers in Psychology, também descobriu que a música pode aumentar a autoestima entre aqueles que estavam tendo um bom desempenho esportivo. Porém, esse benefício não foi observado entre os participantes que já estavam tendo um desempenho ruim.

    O estudo contou com 150 participantes que realizaram arremesso de bola a distâncias fixas e preencheram questionários enquanto ouviam música. Eles foram divididos em três grupos: os que puderam selecionar a música a ser ouvida, os que ouviram música selecionada pelo pesquisador e os que não ouviram nenhuma música.

    Para avaliar o comportamento de risco, os participantes também puderam escolher as distâncias até a cesta onde a bola seria arremessada. Os participantes receberam pontos monetariamente incentivados para cada tentativa bem-sucedida.

    Os dados mostram que ouvir música não teve nenhum impacto positivo ou negativo no desempenho geral ou nas cognições autoavaliativas ou ansiedade relacionada ao esporte. No entanto, ela aumentou o senso de autoestima em participantes que estavam se saindo bem e também aumentou o comportamento de risco, particularmente em participantes do sexo masculino e participantes que podiam escolher sua própria música motivacional.

    “Os resultados sugerem que os processos psicológicos ligados à motivação e à emoção desempenham um papel importante para entender as funções e os efeitos da música nos esportes e exercícios”, diz Paul Elvers, do Instituto Max Planck de Estética Empírica e um dos autores do estudo, em comunicado à imprensa.

    Quando a música pode atrapalhar?

    Apesar de poder trazer benefícios para motivação, humor e autoestima na prática esportiva, a música também pode atrapalhar o rendimento no treino. Segundo Raffani, isso pode acontecer, principalmente, na prática de exercícios ao ar livre.

    “Para atividades ao ar livre, como corrida ou ciclismo, música alta pode reduzir a percepção dos sons ao redor, como tráfego e outros perigos, aumentando o risco de acidentes”, afirma.

    Além disso, música muito alta pode levar a um excesso de estímulo cerebral, resultando na perda de foco e, potencialmente, aumentando o risco de lesão, segundo o educador físico.

    “Durante exercícios que requerem muita concentração ou técnica, como levantamento de peso pesado ou exercícios complexos, a música pode ser uma distração”, afirma.

    Outro fator que pode atrapalhar é o ritmo da música. “Se ela não estiver sincronizada com o ritmo natural do exercício, pode interferir na cadência e na técnica, especialmente em exercícios de resistência e de alta intensidade”, explica Raffani.

    De forma geral, o especialista afirma que a música pode, sim, ser integrada ao treino, mas desde que essa integração seja feita de maneira consciente e segura.

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