Mulher de 48 anos engravida por fertilização in vitro com seus próprios óvulos
A paciente tornou-se a mulher com mais idade em relato científico a engravidar neste tipo de procedimento; segundo a Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (Redlara), mulheres acima dos 42 anos têm 5% menos chances de engravidar com óvulos próprios
Uma mulher de 48 anos conseguiu engravidar por meio de fertilização in vitro (FIV) usando seus próprios óvulos, tornando-se a mulher com mais idade em relato científico a engravidar neste tipo de procedimento. O caso foi registrado na última edição da revista JBRA Assisted Reproduction, publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.
Segundo estudo da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (Redlara), mulheres acima dos 42 anos têm 5% menos chances de engravidar com óvulos próprios. O levantamento mostra que 53,6% das mulheres com essa idade precisam de óvulos doados.
A fertilização in vitro é um procedimento que consiste em fecundar o óvulo e espermatozoide em ambiente laboratorial, formando embriões que serão selecionados e transferidos ao útero da mulher. Ou seja, é um tipo de reprodução assistida, sendo indicado para casais homoafetivos, pessoas com endometriose profunda, homens com baixa concentração ou mobilidade de espermatozoide, mulheres com baixa reserva ovariana ou por quem quer engravidar de forma independente, entre outros casos.
De acordo com Claudia Gomes Padilla, especialista em reprodução assistida da Huntington Medicina Reprodutiva e responsável pelo procedimento inédito, é mais difícil ocorrer uma gravidez após os 42 anos, mesmo por meio da fertilização in vitro.
“Para termos bons embriões precisamos de um bom número de óvulos, com uma boa qualidade. Por exemplo, uma mulher de 30 anos que tenha sete óvulos, vamos conseguir uma média de dois a três embriões. Em uma mulher de 40 anos que tenha esses mesmos sete óvulos, provavelmente, vamos conseguir um embrião apenas e, às vezes, nenhum”, explica Padilla à CNN.
Segundo a especialista, esse embrião formado pode ter alguma alteração genética, pois ao longo do envelhecimento, os óvulos da mulher pode sofrer alterações que inviabilizam a formação de um embrião adequado para implantação.
“Por isso que, geralmente, as pacientes têm várias tentativas para conseguir ter a gravidez e algumas, infelizmente, não vão conseguir óvulos bons para realizar isso”, afirma.
Como foi feito o procedimento?
Segundo Padilla, foram coletados cinco óvulos da paciente, resultando em três embriões desenvolvidos. Dada a alta probabilidade de alterações cromossômicas (95% a 100%) nesta faixa etária, conforme explicado anteriormente, foi realizada uma biópsia embrionária nos embriões, resultando em um embrião geneticamente viável para implantação.
Após a transferência do embrião, a boa notícia veio: a paciente engravidou e deu à luz uma menina. “Esse triunfo é particularmente notável, foi o primeiro tratamento de fertilização, nenhuma mulher com essa idade havia alcançado o sucesso em tentativas similares”, explica a especialista.
Padilla conta que a paciente passou por um processo de preparação para a fertilização, incluindo suplementação, alimentação adequada, manutenção do peso corporal e realização de exames de rotina. “Fizemos uma avaliação dos hormônios, preparamos o corpo dela para essa estimulação. Mas, assim como fazemos com todas as nossas pacientes, usamos uma incubadora, onde os embriões ficam sendo cultivados”, completa.
A especialista ressalta que, além da boa preparação, a paciente não tinha outros fatores de risco que poderiam influenciar negativamente no sucesso da fertilização in vitro, como endometriose, ovários policísticos e miomas. Além disso, seu marido também apresentava os espermatozoides dentro da normalidade.
“Ela também teve o histórico de duas gestações prévias, ou seja, um histórico de fertilidade prévia. Então, isso com certeza é um diferencial para ter sucesso nesse caso”, acrescenta.
Na visão da especialista, este caso não apenas representa uma vitória para a paciente e sua família, mas também um avanço significativo nas práticas da medicina reprodutiva, trazendo novas esperanças para muitas mulheres que almejam a maternidade após os 42 anos.
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