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    Mudanças climáticas podem causar cerca de 500 mil mortes por AVC anualmente

    Descoberta é de estudo publicado na revista Neurology, que aponta que temperaturas "não ideais" estão associadas ao maior risco de AVC fatal ou incapacitante

    Gabriela Maraccinida CNN

    Um estudo publicado na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia, descobriu que as mudanças climáticas podem estar associadas ao aumento da mortalidade e da incapacidade por AVC (Acidente Vascular Cerebral). Em 2019, ocorreram 521.031 mortes por AVC associadas a temperaturas não ideais, segundo a pesquisa.

    O estudo não prova que as alterações climáticas causem AVC, mostra apenas uma associação. Os pesquisadores descobriram que as temperaturas não ideais (acima ou abaixo das temperaturas consideradas “ideais” para manter uma taxa de mortalidade baixa) estavam cada vez mais associadas ao AVC fatal ou incapacitante.

    De acordo com a pesquisa, a maioria dos AVCs aconteceu devido a temperaturas abaixo das ideais, mas também houve casos em que o derrame esteve associado a temperaturas elevadas.

    Diante de temperaturas mais baixas, os vasos sanguíneos de uma pessoa podem se contrair, aumentando a pressão arterial. A hipertensão arterial é um fator de risco para o acidente vascular cerebral. Temperaturas mais altas podem causar desidratação, afetando os níveis de colesterol e resultando em fluxo sanguíneo mais lento, fatores que também podem levar ao AVC.

    “As mudanças dramáticas de temperatura nos últimos anos afetaram a saúde humana e causaram preocupação generalizada”, diz o autor do estudo, Quan Cheng, do Xiangya Hospital Central South University em Changsha, China, em comunicado à imprensa. “O nosso estudo descobriu que essas mudanças de temperatura podem aumentar a carga de AVC em todo o mundo, especialmente em populações mais idosas e em áreas com mais disparidades nos cuidados de saúde”, completa.

    Para chegar aos dados, os pesquisadores analisaram 30 anos de registros de saúde de mais de 200 países e territórios. Foram examinados o número de mortes por AVC e a carga de incapacidade relacionada ao AVC devido a temperaturas não ideais. Em seguida, os dados foram divididos para uma análise por cada região, país e território. Os pesquisadores também analisaram faixas etárias e gêneros.

    Além das mais de 500 mil mortes por AVC associadas às mudanças climáticas, o estudo também descobriu que houve 9,4 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade devido ao derrame associado a temperaturas não ideais. “Anos de vida ajustados por incapacidade” representam os anos de vida perdidos devido a morte prematura e anos vividos com a doença.

    Maioria das mortes estão relacionadas às baixas temperaturas

    Ainda segundo o estudo, 474.002 mortes por AVC, do total analisado em 2019, estavam relacionadas às baixas temperaturas. Além disso, os pesquisadores descobriram que a taxa de morte pela doença devido a mudanças de temperatura foi maior para os participantes do sexo masculino (7,7 por 100 mil), em comparação com as participantes do sexo feminino (5,9 por 100 mil).

    Ao olhar para as regiões, a Ásia Central teve a maior taxa de mortalidade por AVC associada a temperaturas não ideais, com 18 por 100.000 habitantes. Ao analisar os dados por país, a Macedônia do Norte teve a taxa de mortalidade mais elevada, com 33 por 100.000.

    “É necessária mais investigação para determinar o impacto da mudança de temperatura no AVC e encontrar soluções para abordar as desigualdades na saúde”, afirma Cheng. “A investigação futura deverá ter como objetivo reduzir esta ameaça, encontrando políticas de saúde eficazes que abordem as potenciais causas das alterações climáticas, tais como a queima de combustíveis fósseis, a desflorestação e os processos industriais.”

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