Mosquito da dengue é “muito resiliente”, alerta infectologista
Novo formato "CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista" estreia no sábado (24), às 19h30, na CNN Brasil
O Brasil está enfrentando uma epidemia história de dengue, com quase 700 mil casos prováveis registrados e 122 mortes confirmadas até a última terça-feira (20), segundo dados do Ministério da Saúde. Há boas notícias, como a chegada da vacina, mas a alta de casos preocupa especialistas.
Hoje, a dengue é endêmica em mais de 100 países. As razões para isso, os sintomas, tratamento e o que a ciência está fazendo para combater a doença são os pontos abordados no episódio de estreia do “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista”, no sábado (24), na CNN Brasil.
Sob o comando de Roberto Kalil, o programa, agora em novo formato, recebe Rosana Richtmann, infectologista do Instituto Emilio Ribas, e Esper Kallás, infectologista e diretor do Instituto Butantan, que também está desenvolvendo uma vacina de produção nacional contra a dengue.
O episódio irá debater os motivos pelos quais a dengue ainda é um grande desafio para o Brasil e explicar o que a ciência vem fazendo para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Para Kallás, o “controle vetorial”, que são as ações de combate ao mosquito, pode ser feito com medidas de combate ao foco da sua reprodução, como evitar a água parada.
“Isso é muito difícil, porque o mosquito é muito resiliente, viu? Eu lembro de situações em que se encontrou criadouro de mosquito em tampa de garrafa pet”, afirma.
Além disso, os especialistas também acreditam que as mudanças climáticas têm desempenhado um papel importante no agravamento do surto da dengue. “Nós tivemos um aquecimento importante, e muita chuva. É tudo o que precisa para o vetor, no caso o Aedes aegypti se procriar”, diz Rosana.
De acordo com a infectologista, a fêmea do mosquito — que é a responsável por transmitir o vírus da dengue — pode picar até 300 pessoas e colocar até 1.500 ovos durante seu ciclo de vida, que é de 30 a 45 dias.
“A fêmea não necessariamente nasce infectada. Se ela não estiver infectada com o vírus, ela não vai transmitir a doença. Se ela pica alguém que está na fase aguda da doença, ela passa a estar infectada e, uma vez que ela está infectada, para o resto da vida dela ela vai conseguir transmitir”, explica Rosana, que acrescenta que o uso de repelentes é essencial para evitar a picada pelo mosquito.
Durante o episódio, os infectologistas também falam sobre os sintomas da dengue e reforçam quais são os sinais de gravidade. Segundo Kallás, os quadros podem ser potencialmente mais graves após a segunda infecção e em pessoas com sistema imunológico mais fragilizado.
Isso acontece porque existem quatro sorotipos do vírus da dengue, o que aumenta a possibilidade de reinfecção. Portanto, a vacinação com imunizante que proteja contra os quatro tipos do vírus é fundamental.
“Se você vacina só contra um vírus, você acaba simulando uma situação que pode ser pior. A gente não pode fazer isso. Então a dengue tem esse desafio adicional: você tem que ter uma vacina que funcione contra a dengue 1, 2, 3 e 4″.
A vacina que está disponível atualmente no SUS (Sistema Único de Saúde), a Qdenga, protege contra os quatro sorotipos do vírus da dengue e a aplicação é feita em esquema de duas doses, com intervalo de 90 dias entre elas. Sua aplicação foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para pessoas de 4 a 60 anos de idade, que já tiveram dengue ou não.
CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista
- Quando: sábado, às 19h30, na CNN Brasil
- Horário alternativo: quinta-feira, às 23h30