‘Morte provavelmente não foi por vacina de Oxford’, diz ex-presidente da Anvisa
De acordo com o ex-presidente da Anvisa, caso ficasse comprovado que a morte teve relação com a substância, os testes teriam sido suspensos
Ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto afirmou à CNN, nesta quarta-feira (21), que a morte de um voluntário brasileiro em teste de vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca “provavelmente não tem relação” com o imunizante.
De acordo com o Gonzalo, caso ficasse comprovado que a morte teve relação com a substância, os procedimentos da fase 3 de ensaios clínicos teriam sido interrompidos. “Se não houve suspensão dos testes, ela foi analisada e, provavelmente, não teve a ver com a vacina em si”, defendeu.
“Essa morte não teve relação com a vacina e, muito provavelmente, iria ocorrer independentemente de ele estar tomando ou não, e, por isso, prosseguem os testes”, acrescentou o médico, que frisou que os voluntários seguem vida normal e, eventualmente, podem sofrer acidentes ou mortes por outras causas.
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“Não sei do que a pessoa morreu. Em tese, pode ter sido atropelado enquanto atravessava a rua, e isso aconteceu porque ela estava tomando a vacina? Provavelmente, não. As pessoas continuam tendo uma vida normal quando são agentes de pesquisas e, eventualmente, podem morrer de outras coisas”, completou.
Gonzalo frisou a transparência dos processos de testes e registro de vacinas. “Niguém iria esconder nada, porque tudo se sabe, já que, nesses processos, a transparência é fundamental”, garantiu.
“Estamos vivendo em outro tipo de mundo em que esse tipo de coisa é absolutamente transparente”.
O ex-presidente da Anvisa ainda frisou que o registro é concedido após a Anvisa analisar toda essa documentação, vai além disso.
“Essa documentação deve ser publicada em revistas científicas indexadas e sofrer o crivo das partes. Ou seja, outros profissionais vão poder criticar aquilo que foi publicado”, comentou.
Morte de voluntário
Nesta quarta-feira (21), a Anvisa foi informada da morte de um voluntário que fazia parte dos testes com a potencial vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, que está na fase 3 de ensaios clínicos no Brasil em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Em nota divulgada nesta quarta-feira (21), a Anvisa informou que recebeu dados da investigação realizada pelo Comitê Internacional de Avaliação de Segurança. Ainda de acordo a agência, não foi recomendada a interrupção do estudo.
“Em relação ao falecimento do voluntário dos testes da vacina de Oxford, a Anvisa foi formalmente informada desse fato em 19 de outubro de 2020”, diz a nota.
“A Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes”, afirmou a agência.
(Edição: Sinara Peixoto)