Moradores de comunidades com constantes tiroteios têm mais chance de desenvolver hipertensão
Dados foram extraídos da pesquisa "Saúde na Linha do Tiro", que faz parte do projeto "Drogas: Quanto Custa Proibir", do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania
O estado de saúde dos moradores de comunidades é muito influenciado pelas constantes operações policiais próximas às residências. Os cidadãos que vivem nas comunidades com mais tiroteios envolvendo agentes de segurança têm 42% mais de chance de ter hipertensão em comparação com os moradores de outras comunidades. O desenvolvimento da doença é mais provável em pessoas de 30 a 44 anos.
O fechamento das unidades de saúde também se torna mais frequente nas comunidades mais expostas a tiroteios com a presença de agentes de segurança.
Nas comunidades mais afetadas por casos de troca de tiros, cerca de 30% dos moradores que ouviram os tiros próximos às residências relataram suor, falta de sono, tremor e falta de ar durante esses confrontos, percentual que sobe para 43% no caso de coração acelerado. Nas comunidades sem tiroteios, esses percentuais são consideravelmente menores.
Os dados foram extraídos da pesquisa “Saúde na Linha do Tiro”, que faz parte do projeto “Drogas: Quanto Custa Proibir”, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania. O estudo buscou medir os impactos da guerra às drogas na oferta dos serviços públicos de saúde e no estado de saúde dos moradores de comunidades cariocas afetadas por tiroteios envolvendo agentes da segurança pública.
O levantamento selecionou seis comunidades, que foram divididas de acordo com o grau de exposição a tiroteios com a presença de agentes de segurança. Três delas são afetadas com frequência por esses episódios, enquanto as outras três não costumam ser atingidas pelo mesmo tipo de violência.
A pesquisa ainda estimou os custos econômicos associados aos impactos da guerra às drogas na saúde dos moradores de três comunidades mais expostas a tiroteios envolvendo agentes de segurança pública, são essas Nova Holanda (no Complexo da Maré), Vidigal e CHP-2 (no Complexo de Manguinhos).
A maior prevalência de algumas morbidades nessas comunidades impede que os moradores realizem algumas atividades rotineiras, como trabalhar, estudar, cuidar da casa e dos filhos. Essa condição afeta diretamente a renda do conjunto dos moradores dessas comunidades, que perdem R$ 1.391.209,00 em um ano em função da não realização dessas atividades, em valores de 2022, de acordo com o estudo.