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    Microplásticos encontrados em alimentos contaminados podem chegar ao cérebro

    Segundo novo estudo, os fragmentos plásticos podem migrar do intestino para outros órgãos quando são consumidos pela alimentação

    Gabriela Maraccinida CNN

    Microplásticos presentes em alimentos contaminados e que são ingeridos durante uma refeição podem migrar do intestino para outros órgãos, incluindo o cérebro. A descoberta é de um estudo recente publicado na revista Environmental Health Perspectives e mostra que essas partículas podem ter um impacto significativo na saúde humana.

    Os microplásticos são pequenas partículas, menores do que 5 milímetros, de plástico, que podem ser liberados da embalagem de alimentos, bebidas, pneus, roupas e canos. Diversos estudos já mostraram que esses fragmentos plásticos estão contaminando a água e o solo, atingindo, inclusive, os alimentos que consumimos.

    “Ao longo das últimas décadas, foram encontrados microplásticos no oceano, em animais e plantas, na água da torneira e na água engarrafada”, afirma Eliseo Castillo, professor associado da Divisão de Gastroenterologia e Hepatologia do Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina da UNM (University of New Mexico), em comunicado. “Eles parecem estar em toda parte.”

    Os cientistas estimam que sejam consumidos, em média, 5 gramas de microplásticos por semana, o que é equivalente ao peso de um cartão de crédito. Diante desse cenário, Castillo e outros pesquisadores decidiram investigar como essas partículas podem agir no trato gastrointestinal e no sistema imunitário intestinal.

    Para isso, durante um período de quatro semanas, os pesquisadores colocaram microplásticos na água potável que seria ingerida por ratos. A quantidade era equivalente à quantidade estimada que os humanos ingeres desses fragmentos por semana.

    De acordo com a pesquisa, os microplásticos migraram do intestino para os tecidos do fígado, dos rins e até o cérebro. O estudo também mostrou que as partículas alteraram as vias metabólicas nos tecidos afetados. Para os pesquisadores, esses achados indicam que esses fragmentos plásticos podem atravessar a barreira e infiltrar-se em outros tecidos.

    Na visão de Castillo, os resultados do estudo são preocupantes. “Esses ratos ficaram expostos por quatro semanas”, diz ele. “Agora, pense em como isso se compara aos humanos, se estivermos expostos desde o nascimento até a velhice.”

    Microplásticos podem estar influenciando no sistema imunológico

    Em um estudo anterior, publicado em 2021, Castillo e outros pesquisadores da UNM descobriram que os macrófagos — células imunológicas que trabalham para proteger o corpo de partículas estranhas — que ingeriam microplásticos tinham sua função alterada, liberando moléculas inflamatórias.

    “[Os microplásticos] Estão mudando o metabolismo das células, o que pode alterar as respostas inflamatórias”, diz Castillo. “Durante a inflamação intestinal – estados de doença crónica como a colite ulcerosa e a doença de Crohn, que são ambas formas de doença inflamatória intestinal – estes macrófagos tornam-se mais inflamatórios e são mais abundantes no intestino.”

    A próxima fase da investigação dos pesquisadores, liderada pela pós-doutoranda Sumira Phatak, pretende explorar como a dieta está envolvida na absorção de microplásticos. Castillo espera que as pesquisas ajudem a descobrir os impactos que os microplásticos estão causando à saúde humana e a estimular mudanças na forma como a sociedade produz e filtra os plásticos.

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