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    Metade da população não tem acesso a água potável, saneamento e higiene, diz OMS

    Ampliação do acesso aos recursos de tratamento de água e esgoto pode salvar 1,4 milhão de vidas ao ano

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    O acesso a água potável e segura para consumo, saneamento e higiene (WASH, em inglês) ainda é escasso para metade da população mundial. A ampliação dos recursos poderia evitar pelo menos 1,4 milhão de mortes e 74 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade, segundo o último relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) e um artigo publicado na revista científica The Lancet com dados de 2019.

    “Com os crescentes riscos de saúde relacionados com WASH já vistos hoje através de conflitos, o surgimento de resistência antimicrobiana, o ressurgimento de focos de cólera e as ameaças de longo prazo das mudanças climáticas, o imperativo de investir é mais forte do que nunca”, disse Maria Neira, diretora do departamento de Meio Ambiente, Mudança Climática e Saúde da OMS, em comunicado. “Vimos melhorias nos níveis de serviço de WASH nos últimos 10 anos, mas o progresso é desigual e insuficiente”, completa.

    O relatório apresenta estimativas da carga de doenças associadas a condições precárias de abastecimento de água e higiene, considerando 183 países. Os dados são baseados em quatro resultados de saúde — diarreia, infecções respiratórias agudas, desnutrição e helmintíases transmitidas pelo solo.

    A doença diarreica foi responsável pela maior parte da carga atribuível, com mais de um milhão de mortes e 55 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade. Em segundo lugar estão as infecções respiratórias agudas decorrentes da higiene inadequada das mãos, que foram associadas a 356.000 mortes.

    Entre crianças menores de cinco anos, a insegurança de água e saneamento foi responsável por 395.000 mortes, representando 7,6% de todos os óbitos nessa faixa etária. As informações incluíram 273 mil mortes por diarreia e 112 mil vidas perdidas por infecções respiratórias. Essas doenças são as duas principais causas infecciosas de morte de crianças menores de cinco anos em todo o mundo.

    Disparidades

    A OMS destaca que foram observadas disparidades entre regiões e grupos de renda. Segundo o relatório, mais de três quartos de todas as mortes atribuíveis ao problema ocorreram nas regiões da África e do Sudeste Asiático, enquanto 89% das mortes atribuíveis foram de países de baixa e média renda.

    No entanto, mesmo os países de alta renda estão em risco, pois 18% de sua carga de doenças diarreicas poderia ser evitada por meio de melhores práticas de higiene das mãos.

    Embora essas estimativas incluíssem quatro resultados de saúde para os quais havia dados disponíveis para quantificar o impacto, a carga real provavelmente seria muito maior, estima a entidade.

    Os impactos da falta de acesso a água e saneamento para a saúde são amplos e vão além de doenças, afetando o bem-estar social e mental. Além disso, é provável que a mudança climática exacerbe muitas doenças e riscos relacionados que não são totalmente capturados nas estimativas atuais.

    Para reduzir o problema, a OMS insta os governos a tomarem medidas com o apoio de agências da ONU, parceiros multilaterais, setor privado e organizações da sociedade civil.

    As estratégias incluem acelerar a ação para tornar o acesso a água e saneamento uma realidade para todos, concentrar esforços nos mais pobres, além de adaptar os sistemas nacionais de monitoramento para melhorar os dados sobre a exposição da população a serviços gerenciados com segurança.

    “Está claro que o acesso inadequado a água potável, saneamento e serviços de higiene continua a representar um risco de saúde significativo e evitável, particularmente para as populações mais vulneráveis”, disse Bruce Gordon, chefe da Unidade de Água, Saneamento, Higiene e Saúde da OMS.

    “Os benefícios para a saúde, conforme quantificados no relatório, são imensos. Priorizar os mais necessitados não é apenas um imperativo moral, é fundamental para lidar com a carga desproporcional de doenças em países de baixa e média renda e entre grupos marginalizados em países de alta renda”, conclui.

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