Mesmo sem concluir testes, Rússia planeja produzir vacinas a partir de setembro
Vice-primeira-ministra do país, Tatyana Golikova, afirmou que medicamento receberá registro condicional e será produzindo enquanto fase 3 de ensaios é realizada
A Rússia pretende ser o primeiro país do mundo a aprovar uma vacina contra o novo coronavírus, afirmaram fontes em Moscou à CNN. Funcionários do governo trabalham com a data de 10 de agosto, ou antes, para autorizar o uso público da vacina. Nesta quarta-feira (29), a agência de notícias estatal RIA Novosti disse que a vacina do país já está em processo de registro.
Além disso, em uma reunião do governo, a vice-primeira-ministra Tatyana Golikova, que supervisiona a resposta russa ao coronavírus, disse que o país planeja começar a produzir duas vacinas em setembro e outubro.
“Uma delas é desenvolvida em conjunto pelo Instituto Gamaleya do Ministério da Saúde e pelo 48º Instituto de Pesquisa do Ministério da Defesa”, disse Golikova. “Em agosto, planejamos registrá-la condicionalmente, o que significa que, após o registro, haverá ensaios clínicos em 1,6 mil pessoas. A produção em massa da vacina está prevista para setembro de 2020. “
Assista e leia também:
Paraná negocia com a Rússia produção de vacinas contra Covid-19
Rússia lança segundo teste humano para vacina da Covid-19
“Outra vacina desenvolvida pelo centro Vektor de Rospotrebandzor iniciou testes clínicos conjuntos que devem ser concluídos em setembro e também em setembro receberá o registro estadual a será produzida a partir de outubro”, acrescentou Golikova.
O desenvolvimento acelerado da vacina russa preocupam especialistas, além de dúvidas sobre a segurança, efetividade e a possível supressão de etapas essenciais no desenvolvimento. Até o momento, a Rússia não divulgou dados científicos sobre os testes de sua vacina e a CNN não conseguiu verificar sua suposta segurança e efetividade.
O governo russo diz, no entanto, que os dados científicos estão sendo compilados e serão disponibilizados para revisão por cientistas e publicação no começo de agosto. Críticos dizem que os esforços do país por uma vacina ocorrem em meio à pressão política do Kremlin, que pretende mostrar que a Rùssia é uma força científica global. Também há preocupações pelo fato de testagem humana da vacina russa ainda estar incompleta.
Assista e leia também:
Países acusam hackers russos de ataque virtual a centros de pesquisa da Covid-19
EUA acusam China de realizar ciberataque para roubar pesquisas sobre coronavírus
Enquanto algumas dessas vacinas ao redor do mundo estão na terceira fase de testes clínicos, a vacina russa ainda não concluiu a segunda fase. O Instituto Gamaleya, que desenvolve o medicamento, pretende completar a fase 2 até 3 de agosto e, então, conduzir a fase 3 de testes em paralelo à vacinação de profissionais da saúde.
Cientistas russos dizem que a vacina contra Covid-19 foi desenvolvida rapidamente porque é uma versão modificada de uma vacina criada para outras doenças – essa abordagem também é utilizada por outros países e laboratórios.
“A Rússia organizou sua posição de liderança no desenvolvimento de vacinas e sua comprovada plataforma de vacinas contra Ebola e MERS para trazer a primeira solução segura e eficiente para o maior problema do mundo”, disse disse Kirill Dmitriev, diretor do fundo soberano da Rússia, que financia a pesquisa de vacinas russas, à CNN.
A Organização Mundial da Saúde diz que não há vacina aprovada para MERS. O ministro da Saúde da Rússia, Mikhail Murashko, ainda não confirmou a data de aprovação da vacina em agosto, mas disse que médicos na linha de frente da pandemia serão os primeiros vacinados assim que a droga tiver aprovação para uso público.
(Com informações de Matthew Chance, da CNN)