Mesmo após 2ª dose, brasileiros têm dificuldades em turismo no exterior
Especialista em Vigilância em Saúde, Melissa Palmieri, disse que, mesmo vacinada com duas doses, teve que fazer um teste de antígeno 48 horas antes para frequentar restaurante na França
Embora as vacinas contra a Covid-19 utilizadas no Brasil sejam qualificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e estejam em uso em outros países, em alguns locais da Europa, brasileiros ainda têm dificuldades de circulação, segundo a especialista em Vigilância em Saúde e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Melissa Palmieri, à CNN.
Ela explica que o impedimento em relação às vacinas é que os lotes fabricados no Brasil não são aceitos em outros países. “Por mais que a nossa vacina esteja qualificada pela OMS, esteja autorizada em outros países, é aquela questão que o lote que foi feito aqui no Brasil, então, ele não é reconhecido lá fora para o certificado digital.”
Para entrar em outros países, apesar de não ser necessário, Melissa fez um apostilamento de Haia do seu certificado de vacinação digital para dar mais veracidade ao documento. E, embora não tenha sido exigido, ela realizou um teste PCR antes de embarcar.
“Eu paguei até um custo maior [pelo apostilamento] porque eu falei: ‘eu não quero ter problemas na Europa’. Mas para eu poder entrar em um restaurante, entrar em um museu na Europa, por exemplo, no caso da França, eu precisei fazer um teste antigênico com 48 horas de validade”, conta.
Para a emissão do Certificado Digital Covid da União Europeia é necessário que o cidadão tenha um cadastro no sistema de saúde do país. Por isso, os brasileiros não conseguem emitir um passaporte digital da Europa mesmo tendo tomado as duas doses no Brasil, diz a médica.
“Se você não tem isso, que é o caso do brasileiro, que consegue pisar no país, mas não vai ter esse QR Code verde, se você precisar ir a restaurante ou museu, você vai ter que fazer uma preparação. Quarenta e oito horas antes é preciso fazer o teste antigênico. Se não, você vai ter que fazer piquenique no parque, comprar em supermercados, em vendas. Você não vai poder entrar em restaurantes na França.”
Melissa explica que os protocolos não são homogêneos em toda a Europa, mas que os impedimentos ainda inviabilizam o turismo.
“As pessoas acham que está muito fácil essa circulação, e não está. Essa questão burocrática precisa ainda ser melhorada porque as pessoas que fazem correto merecem ter este tratamento de isonomia e não está acontecendo.”
Na Grécia, por exemplo, eles são mais flexíveis quanto à entrada em restaurantes. Mas um cuidado que a médica teve que ter foi em relação às praias.
“Eu fiz algumas atividades turísticas com extrema precaução. Na Grécia eu fui à praia, estive numa ilha, eu fazia o espaçamento, não ficava próxima, até os guarda-sóis já tinham o espaçamento, e quando eu transitava, eu vestia a máscara. Eu vejo que algumas pessoas estão relaxando, principalmente na Europa, porque não tem legislação de utilização de máscara em ambientes abertos. Mas se você verifica que você está em um local com aglomeração, utilize a máscara, ela é o seu escudo, não importa se está vacinado ou não.”
* (supervisionados por Elis Franco)