Média móvel de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave aumenta 77% entre crianças
Incidência de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças de 0 a 11 anos apresentou elevação entre a primeira semana de fevereiro e a semana de 13 a 19 de março, em diversos estados brasileiros, alerta Fiocruz
O boletim Infogripe, divulgado nesta sexta-feira (25) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que o Brasil registrou um aumento de cerca de 77% na média móvel de novos casos semanais de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças de 0 a 4 anos.
Esse crescimento se deu entre a primeira semana de fevereiro e a semana epidemiológica de 13 a 19 de março. Segundo a fundação, os dados levam em conta todos os vírus respiratórios associados a SRAG.
De acordo com o levantamento, no período analisado, o número de casos passou de aproximadamente 970 para cerca de 1.870 em crianças de 0 a 4 anos.
No mesmo período, também foi registrado aumento de 216% na média móvel de casos entre as crianças de 5 a 11 anos. Isso representa uma mudança de cerca de 160 casos semanais para uma média estimada de 506 a cada sete dias.
Os dados mostram ainda a interrupção de queda nos casos associados ao coronavírus, nesta mesma faixa etária.
Os dados laboratoriais pesquisados pela Fundação sugerem um aumento nos casos associados ao vírus sincicial respiratório (VSR) na faixa etária de 0 a 4 anos.
O VRS, que pertence ao gênero pneumovírus, é um dos principais agentes de infecção aguda nas vias respiratórias em crianças pequenas, que pode afetar os brônquios e os pulmões.
Além disso, ele também é responsável pela pneumonia e bronquiolite aguda. Segundo o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, os registros dos casos de Covid-19 mantém predomínio entre os casos com resultado laboratorial positivo para vírus respiratórios em todas as faixas etárias analisadas, exceto nas crianças de 0 a 4 anos de idade.
Gomes ressalta que, apesar da manutenção do cenário de queda na população em geral, a incidência de SRAG em crianças de 0 a 11 anos apresenta ascensão significativa em diversos estados ao longo do mês de fevereiro, estando associada tanto a casos de VSR nos menores de 0 a 4 anos, quanto também a casos de Covid-19 no grupo de 5 a 11 anos.
O documento também aponta que a curva nacional dos casos de SRAG mantém sinal de queda e acompanha o baixo número de casos associados à Covid-19.
No entanto, os números começam a indicar possível estabilidade em patamar similar ao registrado no começo de novembro de 2021, quando houve o menor número de novos casos semanais desde o início da pandemia de Covid-19 no Brasil.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos de síndrome respiratória grave com resultado positivo para vírus respiratórios foi de 1,3% Influenza A, 0,3% Influenza B, 15,8% vírus sincicial respiratório, e 73,8% para Covid-19.
Entre os óbitos, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 0,7% Influenza A, 0,0% Influenza B, 0,1% vírus sincicial respiratório VSR, e 98,5% para Covid-19.
Panorama nos estados e capitais
Nas últimas seis semanas, quatro das 27 unidades federativas apresentaram sinal de crescimento de casos: Distrito Federal, Espírito Santo, Roraima e Sergipe.
Todas as demais apresentam sinal de queda. Já nas últimas três semanas, seis estados apresentaram um aumento, como o Acre, Alagoas, Goiás, Maranhão, Paraíba e Rio de Janeiro. A Fiocruz pontua que em todas essas localidades os dados por faixa etária sugerem tratar-se de cenário restrito à população infantil.
Também entre as capitais, quatro das 27 apresentam sinal de crescimento nas últimas seis semanas: Aracaju (SE), Boa Vista (RR), Florianópolis (SC) e Fortaleza (CE). Em outras duas, se observa sinal de crescimento somente nas últimas três semanas: João Pessoa (PB) e Rio de Janeiro (RJ).
Destas, os dados de Boa Vista sugerem tratar-se apenas de oscilação, enquanto nas demais observa-se aumento significativo concentrado fundamentalmente nas crianças e adolescentes.
O boletim confirmou que, do total de 20 macrorregiões de saúde em nível pré-epidêmico, 18 estão em nível epidêmico, 73 em nível alto e sete em nível muito alto. Para a Fiocruz, nenhuma macrorregião de saúde encontra-se em nível extremamente alto.
Sob supervisão de Isabelle Resende