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    Manaus, Rio e São Paulo já deveriam estar em lockdown, diz pesquisador da USP

    Pesquisador Domingos Alves, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), disse ainda que Brasil já é epicentro da Covid-19

    O pesquisador Domingos Alves, professor doutor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), afirmou à CNN, nesta quarta-feira (6), que grandes capitais já deveriam estar em lockdown — o isolamento total — para tentar conter o avanço da Covid-19.

    “Em municípios como Manaus, Fortaleza, Belém, Rio de Janeiro e São Paulo, essas medidas extremas já deveriam ter sido tomadas, e não estarmos ainda discutindo se vamos ou não. A diferença nisso é o número de vidas salvas”, defendeu ele. “Essas capitais já estão numa saturação extremamente preocupação do uso de leitos para atender a população e temos visto diariamente mortes acontecendo por falta de atendimento”, acrescentou.

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    Até esta quarta-feira (6), três estados tinham anunciado medidas de isolamento total. No Maranhão, a capital São Luís e outros municípios da região metropolitana iniciaram o lockdown na terça (5). No Pará, o isolamento total será feito na capital Belém e outras nove cidades entre 7 e 17 de maio. Com o terceiro maior número de casos do país, o Ceará terá lockdown na capital, Fortaleza, a partir da próxima sexta-feira (8). 

    O prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), disse que a possibilidade de um lockdown é uma das alternativas estudadas pela administração, mas que ainda não é o momento. O estado de São Paulo é o mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, com a capital sendo o epicentro da doença.

    Com isso, o pesquisador afirma que o Brasil não deve se tornar o novo epicentro mundial da doença, mas já está nesse patamar. “Eu não acho que o Brasil vai ser tornar o epicentro. A nossa opinião é que o Brasil é o epicentro”, classificou. “A nossa taxa de novas mortes por dia já passa de várias situações similares ao que foi apresentado no auge da epidemia na Itália. Proporcionalmente na mesma época que a Itália estava vivendo o tempo parecido com a epidemia aqui, já temos um número de óbitos superior ao que era observado lá. Então já somos o epicentro mundial”, completou.

    Alves avaliou que a população tem relaxado nas medidas de isolamento social por conta das informações contraditórias que têm sido passadas pelas autoridades e que isso provocou o maior número de casos e mortes pela Covid-19. “A despeito de ter começado a se organizar bastante antecipadamente em relação à chegada do vírus, o Brasil perdeu a mão na hora de fazer o gerenciamento. Isso porque a população, que não é a culpada, vê situações contraditórias”, disse. 

    Apesar disso, o professor disse acreditar que o Brasil ainda tem chance de conter a concretização das estimativas negativas — e que isso deve ser feito em conjunto com os cidadãos. “Temos chance. A população precisa ter uma visão clara, inclusive dos governantes, de que a situação é urgente, prinicipamente nas capitais brasileiras, e de que essas medidas têm que ser assumidas. Se isso começar a acontecer a partir de agora, talvez a gente consiga reverter os cenários mais drásticos que estamos começando a ver”, concluiu.

    Enterro de vítimas da COVID-19 em Manaus

    Enterro de vítimas da COVID-19 em Manaus (28/04/2020)
    Foto: Bruno Kelly/Reuters