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    Maioria dos relacionamentos amorosos começa como amizades, apontam estudos

    Meta análise feita com pesquisas dos EUA e Canadá mostra que mudança no relacionamento é mais comum do que parece

    Sarah Molano, da CNN

    Ao contrário da percepção popular de que o amor normalmente surge da paixão, um novo estudo descobriu que dois terços dos relacionamentos românticos começam como amizades de longo prazo.

    Embora altamente prevalente, o caminho de amigos para amantes e para um relacionamento tem sido amplamente esquecido pela ciência, disse Danu Stinson, principal autora do estudo e professora associada de psicologia da Universidade de Victoria em British Columbia, Canadá.

    Stinson estudou início de relacionamento por 20 anos e percebeu ao longo dos anos que muitos participantes relataram que estavam formando laços românticos com amigos que conheciam há algum tempo. Ela, então, começou a fazer a seguinte pergunta: “Você era amigo de seu parceiro antes de se envolver afetivamente?” em outra pesquisa e conduziu uma meta-análise para este estudo.

    “Poucos estudos estão realmente olhando em primeiro lugar para este início de relacionamento, apesar de nossa observação de que, de longe, é a forma mais comum de começar um relacionamento “, disse Stinson.

    Ela esperava que o relacionamento amoroso entre amigos fosse comum, mas ficou surpresa com o quão dominante ele foi na pesquisa. A prevalência de relacionamentos amorosos entre amigos também foi consistente em todas as idades e grupos étnicos.

    A pesquisa, publicada na semana passada na revista Social Psychological and Personality Science, compreende quatro diferentes estudos sobre início de relacionamento.

    Os dois primeiros estudos analisaram periódicos e livros didáticos populares e descobriram que a literatura existente sobre início de relacionamento se concentra predominantemente no “romance que acontece entre estranhos” e ignora amplamente “o romance que se desenvolve entre amigos”, diz o estudo.

    Os pesquisadores então conduziram uma análise de sete dos estudos de seu laboratório com estudantes universitários e adultos de todas as idades, consistindo em quase 1.900 pessoas no Canadá e nos Estados Unidos.

    Os estudos online foram feitos entre 2002 e 2020 para outros fins, e os dados usados para esta análise vieram de informações demográficas dos participantes.

    Essa análise descobriu que 66% dos casais começaram a se relacionar com amizades, muitos deles com amizades de longo prazo que duraram vários meses ou anos.

    No estudo final, que analisou apenas 300 estudantes universitários, a “fase da amizade” durou quase 22 meses, em média, antes de se tornar romântica.

    Quase metade desta amostra disse que a amizade era o método preferido para iniciar um relacionamento romântico. No entanto, a grande maioria da amostra não fez amizade com a intenção de um relacionamento amoroso.

    A pesquisa também descobriu que os participantes LGBTQ relataram taxas ainda mais altas de iniciação de relacionamentos com amigos do que aqueles em relacionamentos heterossexuais, embora os autores notem uma proporção muito menor de participantes LGBTQ nos dois últimos estudos.

    Essas descobertas devem levar as pessoas a repensar suas noções preconcebidas sobre relacionamentos que geralmente se originam de “roteiros dominantes de namoro em nossa cultura”, disse Stinson.

    “Os scripts de namoro realmente dizem que você vai conhecer alguém, e um relâmpago vai atingir você”, disse Stinson. “Eu acho que se você realmente acredita naquele roteiro de namoro, então é difícil imaginar outra situação” onde você se torna mais próximo de um amigo e começa um relacionamento romântico.

    ‘Amigos com benefícios’

    Uma descoberta adicional, segundo Stinson, foi que as linhas entre amizades e relacionamentos não são tão claras quanto alguns podem pensar.

    Dos casais do estudo, dois terços disseram que eram amigos antes de se tornarem um casal, mas muitos dos casais também disseram que eram “amigos com benefícios”, ou amigos que se envolvem em atividade sexual, antes de se tornarem um casal totalmente comprometido em uma relação.

    Muitos dos participantes estavam envolvidos em comportamentos tipicamente íntimos e considerados românticos com seus amigos, disse Stinson.

    “Eles estão se aconchegando perto do fogo, estão viajando juntos, estão apresentando seus amigos à família, mas estão certos que vivem amizades”, disse Stinson. “Isso realmente me faz pensar sobre as definições que temos sobre amizade e romance, e como essas coisas diferem, e eu gosto de como tudo se mistura.”

    Joanne Davila, professora de psicologia clínica e diretora do Centro de Desenvolvimento de Relacionamento do departamento de psicologia da Stony Brook University, que não esteve envolvida no estudo, disse que os estudos destacam a necessidade de se fazer pesquisas adicionais sobre o caminho de amigos para amantes.

    “O que eu realmente gosto neste artigo é que eles estão trazendo à tona e desafiando suposições que os pesquisadores de relacionamentos sempre tiveram”, disse Davila à CNN. “Gosto que eles estejam dizendo que precisamos abrir nossas mentes e pensar mais amplamente sobre os relacionamentos.”

    Os pesquisadores devem examinar as diferenças entre o começo de relacionamentos entre amigos e o namoro, disse Davila, e ver se um produz relacionamentos mais saudáveis e fortes em relação ao outro. Davila também está interessada em saber o que acontece quando os relacionamentos que priorizam a amizade terminam, considerando que os indivíduos ainda podem estar no mesmo grupo de amigos após um rompimento.

    “Precisamos fazer muito mais perguntas sobre com quem as pessoas se relacionam e como chegaram lá”, disse Davila. “Isso pode ser um fator realmente importante para entendemos os relacionamentos.”

    Stinson começou a explorar as maneiras pelas quais os amigos fazem a transição para relacionamentos amorosos, analisando relatos escritos em primeira mão de casais sobre o início de seus relacionamentos.

    Ela e sua equipe querem ver como essas histórias podem ser diferentes, como as pessoas tomam a decisão de agir com base em sentimentos amorosos por um amigo, a ordem em que certos marcos ocorrem e muito mais.

    Stinson disse que planeja conduzir estudos longitudinais nos quais pesquisadores seguem pares de amigos por vários anos para ver se relacionamentos românticos se formam entre alguns deles e quais circunstâncias podem levar a uma conexão romântica entre amigos.

    (Texto traduzido. Leia aqui o original em inglês.)